Turquia relaciona entrada da Suécia na OTAN com conflito Israel-Hamas; Erdogan critica EUA e Canadá

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse nesta sexta-feira (8) que o Canadá e os Estados Unidos estão insistindo para que Ancara ratifique a adesão sueca antes que Ottawa retome a exportação de câmeras drone para a Turquia.

Quando Erdogan sinalizou, em uma conferência da OTAN em julho, que a Suécia acabaria por receber sinal verde, o Canadá concordou discretamente em reabrir diálogos com Ancara sobre o cancelamento dos controles de exportação de peças de drones, incluindo equipamento óptico, de acordo com a agência Reuters.

"Sobre a questão das câmeras drone que queríamos deles, o Canadá está insistindo: Suécia, Suécia. Os EUA estão repetindo a mesma coisa", disse o líder turco, citado pela mídia.

A Turquia também solicitou, em outubro de 2021, a compra de 40 caças F-16 dos EUA e 79 kits de modernização para os seus aviões de guerra existentes, no entanto a arrastada compra encontra barreiras no Congresso norte-americano para sua aprovação.

"Se você tem o seu congresso, eu tenho o meu parlamento. Você diz que dará um passo na questão do F-16 depois de passar pelo Congresso. Eu também tenho um parlamento. Se somos dois aliados da OTAN, então façamos o que for preciso simultaneamente, em solidariedade, e o nosso parlamento tomará a decisão necessária", afirmou o presidente turco.

Ao mesmo tempo nesta semana, um parceiro-chave de Erdogan no Parlamento turco, Devlet Bahceli — cujo apoio dá ao presidente maioria no Parlamento —, disse que "vemos com frieza a entrada da Suécia na OTAN" e citou o conflito Israel e Hamas na Faixa de Gaza.

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Os comentários são o mais recente sinal de que a ampliação da aliança atlântica poderá enfrentar mais atrasos, analisa a agência Bloomberg.

"Se a paz permanente for alcançada entre Israel e a Palestina e um Estado palestino independente for reconhecido, se Israel concordar em pagar reparações e se [Benjamin] Netanyahu [premiê israelense] for julgado em Haia, daremos OK à adesão da Suécia à OTAN", disse Bahceli, citado pela mídia.

Bahceli criticou repetidamente Estocolmo por queimas do Alcorão e por supostas atividades terroristas no seu território, mas não chegou a criticar Erdogan por prosseguir com a candidatura do país à OTAN.