Os dados foram divulgados durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2023 (COP28), em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, nesta semana. Uma área de 180 mil quilômetros quadrados foi destruída pelo fogo.
"De acordo com dados do Sistema Global de Assimilação de Incêndios [GFAS, na sigla em inglês], os incêndios que começaram no início de maio [até outubro] emitiram cerca de 480 megatoneladas de carbono, quase cinco vezes a média dos últimos 20 anos, representando 23% das emissões totais de carbono por incêndios em 2023", informou o programa ambiental da Comissão Europeia.
O CAMS aponta que o aquecimento global e as alterações climáticas têm favorecido os incêndios florestais através de ondas de calor mais fortes e períodos de seca mais extensos.
O alto percentual oriundo de apenas um um único país se soma ao fato de que os 10% mais ricos do mundo são responsáveis por 50% das emissões globais de CO2, segundo estudo recente da confederação de organizações Oxfam International "Igualdade Climática: um Planeta para os 99%".
O 1% mais rico da população mundial (77 milhões de pessoas) foi responsável por 16% das emissões globais de carbono, um dos principais gases do efeito estufa, em 2019. Esse valor equivale à mesma quantidade emitida pelos 66% ou dois terços mais pobres da humanidade (5 bilhões de pessoas).
O relatório aponta ainda que um imposto global de 60% sobre os rendimentos do 1% mais rico do mundo arrecadaria US$ 6,4 trilhões (cerca de R$ 32 trilhões), valor que poderia ser usado para financiar energias renováveis.
O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, declarou durante a COP28, no dia 1º, que "2023 já é o ano mais quente dos últimos 125 mil anos" e que "o planeta está farto de acordos climáticos não cumpridos".
"Somente no ano passado, o mundo gastou mais de US$ 2,224 trilhões [R$ 10,9 trilhões] em armas, quantia que poderia ser investida no combate à fome e no enfrentamento da mudança climática. Quantas toneladas de carbono são emitidas pelos mísseis que cruzam o céu e desabam sobre civis inocentes, sobretudo crianças e mulheres famintas?", indagou.
Um relatório divulgado pelas Nações Unidas revelou que os países ricos reduziram em 15% a ajuda financeira para os países pobres enfrentarem as mudanças climáticas em 2021, último ano com dados atualizados. A ajuda foi de US$ 21 bilhões (cerca de R$ 103,8 bilhões, na cotação atual).
Segundo a organização, os países mais pobres precisam de pelo menos 10 vezes esse valor para se adaptar. Uma das maiores reduções veio dos Estados Unidos. Em 2021, o governo americano cortou 47% do valor enviado a países mais pobres para lidarem com mudanças climáticas.