Considerado um outsider, Arévalo foi o candidato da esquerda que venceu a governista Sandra Torres por 58,29% dos votos. Segundo o presidente eleito, foi lançada uma ofensiva contra ele, o processo eleitoral e o seu partido, o Movimento Semente, ao negar o direito constitucional de defesa e até acesso ao procedimento de investigação.
Arévalo afirmou que voltou a comparecer ao juiz Fredy Orellana nesta terça em busca de informações sobre o processo. "Foram negadas [outras] 33 vezes pelo Ministério Público e 15 vezes pelo tribunal. Isso é uma negação do direito de defesa e só se explica porque eles estão cientes das mentiras e tramoias que estão construindo neste caso", disse Arévalo.
Conforme o presidente eleito, há um dossiê feito de mentiras e por isso ele não tem acesso às supostas acusações. O objetivo seria evitar que tome posse para um mandato de quatro anos no dia 14 de janeiro, acrescentou.
Já o atual presidente, Alejandro Giammattei, tem mantido as reuniões de transição com a equipe de Arévalo. Porém os parlamentares do partido do atual mandatário estão unidos ao Ministério Público nas investigações, que, supostamente, apontam uma série de irregularidades nas atas de encerramento das eleições para todos os cargos políticos do país.
As tentativas do órgão de invalidar o pleito são rebatidas pela Organização dos Estados Americanos (OEA), que divulgou uma resolução aprovada por 29 votos a favor, 1 contra, 1 abstenção e 2 ausências que condena as ações do MP contra a transição de governo no país centro-americano.
Os Estados Unidos impuseram sanções a pelo menos 300 cidadãos do país, entre eles 100 deputados, empresários e funcionários do governo, acusando-os de tentar minar a democracia guatemalteca.
Mercosul pede respeito ao resultado eleitoral
Também nesta terça, o Mercosul emitiu nota sobre a tentativa de judicializar o processo eleitoral na Guatemala e pediu respeito aos resultados que consagraram Bernardo Arévalo presidente do país.
"Os Estados partes do Mercosul manifestam sua preocupação com a judicialização do processo eleitoral na República da Guatemala e instam ao respeito à vontade do povo guatemalteco expressa nas urnas com uma maioria esmagadora, no segundo turno das eleições presidenciais de 20 de agosto", diz um comunicado divulgado pelo governo paraguaio, que exerce a presidência do bloco.
Arévalo triunfou com uma campanha focada no combate à corrupção e um forte apoio dos povos indígenas maias e de amplos setores da sociedade civil.