Até mesmo alguns dos apoiadores mais fervorosos discutem a necessidade de persuadir o governo do presidente Vladimir Zelensky a "aceitar um conflito congelado e declarar vitória" sobre o presidente russo Vladimir Putin.
As informações foram relatadas nesta segunda-feira (18) por Gideon Rachman, colunista do Financial Times, citando um ex-funcionário do governo americano. "Precisamos mudar a narrativa e dizer que Putin falhou", afirmou o oficial não identificado.
A ideia por trás dessa estratégia seria buscar o "congelamento" do conflito, movendo as forças ucranianas para uma postura defensiva para conter futuros ganhos russos, segundo Rachman.
A intensidade dos combates diminuiria nesse cenário, levando a um armistício semelhante ao que encerrou as operações de combate na Guerra da Coreia em 1953. No entanto, nenhum dos "problemas políticos subjacentes" seria resolvido.
"Depois que os combates na Coreia pararam, os sul-coreanos conseguiram se concentrar na reconstrução de sua economia com enorme sucesso", escreveu.
Tal perspectiva marca uma grande diferença do otimismo expresso por líderes ocidentais no início da crise na Ucrânia, como quando o presidente dos EUA, Joe Biden, prometeu em fevereiro que não havia "nenhuma possibilidade" de a Rússia vencer a Ucrânia, mesmo com a vantagem russa.
No entanto, como observou o colunista do Financial Times, o discurso do líder estadunidense mudou nos últimos dias.
Após prometer repetidamente desde o início do conflito, em fevereiro de 2022, que os EUA dariam à Ucrânia todas as armas e o financiamento necessários "pelo tempo que for necessário" para vencer, ele revisou essa promessa na semana passada para "pelo tempo que pudermos".
Com a continuação da ajuda de ocidentais cada vez mais em dúvida, a Ucrânia "pode estar em sérios apuros" até o próximo verão, escreveu Rachman. Mesmo que novos pacotes de ajuda sejam aprovados pelos legisladores, manter o conflito em um "impasse", o tempo pode estar a favor da Rússia, acrescentou.
"Após o fracasso da contraofensiva, há também um ceticismo genuíno sobre as perspectivas da Ucrânia […]. Se o país e seus apoiadores quiserem vencer o argumento para fazer o que for preciso, eles terão que fazer um trabalho melhor de definir o que é 'isso'. Sem uma teoria de vitória credível, a pressão sobre a Ucrânia para negociar com a Rússia aumentará."
As Forças Armadas da Rússia prosseguem a operação militar especial na Ucrânia, anunciada por Vladimir Putin em 24 de fevereiro de 2022. Segundo o chefe de Estado russo, entre os objetivos principais da operação lançada estão a "desmilitarização e a desnazificação" do país vizinho.