Panorama internacional

Lavrov revela à Sputnik qual será o destino das autoridades ucranianas acusadas de crimes de guerra

O ministro das Relações Exteriores da Rússia conversou com a Sputnik na véspera do Ano Novo para discutir os problemas mais agudos enfrentados por Moscou e pelo mundo, desde os conflitos no Leste Europeu e no Oriente Médio até questões da segurança estratégica global.
Sputnik
As autoridades ucranianas acusadas de crimes de guerra serão julgadas e punidas de acordo com a lei, garantiu o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov.

"Uma investigação sobre os crimes do regime de Kiev já está em andamento", disse Lavrov, ao ser perguntado sobre o destino do regime depois que a Rússia alcançar os objetivos de sua operação militar especial. "Os órgãos de aplicação da lei russos estão registrando e documentando cuidadosamente as atrocidades cometidas pelos neonazistas ucranianos, e não estão se limitando ao período da operação militar especial. O sofrimento da população civil do Donbass começou muito antes, em 2014. Os responsáveis serão levados à justiça."

O chanceler russo especificou o trabalho do Comitê de Investigação da Rússia, que está investigando mais de 4.000 processos criminais contra cerca de 900 indivíduos, incluindo líderes neonazistas, pessoal do serviço de segurança ucraniano e mercenários, além de "representantes da liderança militar e política da Ucrânia", alguns deles acusados à revelia e colocados em uma lista de procurados internacionais.
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O mesmo destino aguarda todos os outros criminosos. Cada um deles receberá uma punição justa, disse Lavrov.

Crise em Gaza

Em relação à crise na Faixa de Gaza, que começou em 7 de outubro com o ataque do Hamas ao sul de Israel e se transformou em uma grande crise humanitária no território palestino referido, Lavrov reiterou o apoio da Rússia às conversações de paz israelo-palestinas e apontou para os problemas que estão no caminho.
"Um dos obstáculos que existem no seu caminho continua sendo a falta de unidade palestina", disse ele, referindo-se ao conflito entre o Hamas e a Organização para a Libertação da Palestina na Cisjordânia.
"Apoiamos as ações de nossos parceiros, em particular o Egito e a Argélia, com o objetivo de resolver esse problema. Pela nossa parte, também estamos ajudando nossos amigos palestinos a encontrar soluções, fornecendo-lhes uma plataforma na Rússia para reuniões. Estamos incentivando a Organização para a Libertação da Palestina a se unir em uma plataforma política, e estamos explicando o perigo de divisão para as perspectivas de criação de um Estado palestino", observou Lavrov.
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Controle de armamentos

Por fim, perguntado sobre a questão do controle de armas estratégicas, incluindo a possibilidade de a Rússia reconsiderar sua moratória unilateral sobre a implantação de mísseis nucleares terrestres no alcance de 500 a 5.500 km, Lavrov ressaltou que um "sinal inequívoco" a esse respeito estava embutido na linguagem da própria moratória.
O Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário, conhecido como Tratado INF, foi cancelado em agosto de 2019, depois que os EUA e a Rússia se retiraram dele. Ao mesmo tempo, Moscou tem cumprido unilateralmente uma moratória sobre a implantação dos mísseis do referido tratado.
"Gostaria de lembrar que nosso compromisso com essa moratória está estritamente ligado ao potencial aparecimento de mísseis de alcance intermediário de baseamento terrestre dos EUA nas regiões relevantes" perto da Rússia, disse Lavrov.
"Tendo em conta as características e peculiaridades do uso de armas dessa classe, a questão de sua implantação por países hostis é uma questão muito sensível do ponto de vista da segurança nacional russa. No caso dos Estados Unidos, este aspecto assume especial importância, dada a sua relação direta com outros fatores que influenciam a estabilidade estratégica. É óbvio que a criação de riscos adicionais relacionados a mísseis por Washington exigirá que tomemos sérias medidas de retaliação", explicou ele.
Ao mesmo tempo, Lavrov enfatizou que, "na ausência de medidas extraordinárias por parte dos Estados Unidos para aumentar a pressão exercida sobre nós por outros meios, a Rússia não será a primeira a implantar armas de mísseis que foram previamente proibidos sob o Tratado INF", concluiu ele.
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