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Operação militar especial russa
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Analista: abandonado pelo Ocidente, Zelensky quer 'chamar a atenção' ao atacar cidade russa

© Sputnik / Anton Vergun / Acessar o banco de imagensCarros atingidos por fragmentos de foguetes após ataque terrorista promovido pela Ucrânia em Belgorod. Rússia, 30 de dezembro de 2023
Carros atingidos por fragmentos de foguetes após ataque terrorista promovido pela Ucrânia em Belgorod. Rússia, 30 de dezembro de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 30.12.2023
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Foguetes fabricados pela República Tcheca, sistema de defesa que evitou uma tragédia ainda maior e alvos civis. Um dos maiores ataques ucranianos contra o território russo desde o início da operação militar especial, em fevereiro de 2022, terminou neste sábado (30) com a morte de pelo menos 20 pessoas, sendo duas crianças.
Localizada a cerca de 40 km da fronteira com a Ucrânia, a cidade russa de Belgorod foi alvo de um ataque terrorista que só não foi pior por conta da interceptação de mísseis pelo sistema de defesa do país. Prédios do governo e outras instalações civis foram atingidas pelo atentado, que deixou, além das vítimas fatais, 108 pessoas feridas. Conforme o Ministério da Defesa, foram usados dois mísseis Olkha com ogivas de fragmentação proibidas, além de foguetes Vampire fabricados pela República Tcheca, que é membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
O governo russo já declarou que o crime não ficará impune e o principal objetivo de Kiev é desviar o foco das constantes derrotas na frente de batalha na Ucrânia. Além disso, culpou os Estados Unidos e o Reino Unido de participação nos atos, por incitarem o regime de Kiev a ações terroristas.

"Na ausência da menor possibilidade de melhorar a situação deplorável das Forças Armadas Ucranianas 'no terreno', os anglo-saxões recorreram à táctica de levar a cabo ataques terroristas contra civis", declarou Maria Zakharova, representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, pouco após o país acionar o Conselho de Segurança das Nações Unidas, do qual é membro permanente, por conta dos ataques.

O professor titular de relações internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Williams Gonçalves disse à Sputnik Brasil que o uso de armas proibidas contra a população civil da cidade, que tem pouco mais de 370 mil habitantes, torna o crime ainda mais grave. Para o especialista, o presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, se sente abandonado pelos países ocidentais, que cada vez mais reduzem o envio de ajuda financeira ao país, e quer "chamar a atenção". Porém, ele acredita que Zelensky não terá sucesso.
"Nos Estados Unidos, já há uma corrente muito forte que considera que ele [Zelensky] jamais ganhará e, por isso, precisa se preparar para negociar [com a Rússia]. Só que o custo político para ele é alto demais e vai tentar reaquecer o conflito", argumentou.
Só nesta semana, foram repelidos 34 ataques em direção à República Popular de Donetsk, com a perda de quase 1,7 mil militares ucranianos, sete tanques e 13 veículos blindados. Já o Exército russo realizou outros 50 contra alvos exclusivamente das Forças Armadas da Ucrânia, como complexos militar-industrial e locais de armazenamento de armas.
Consequências do ataque ucraniano contra centro de Belgorod, Rússia, 30 de dezembro de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 30.12.2023
Operação militar especial russa
Ataque ucraniano contra cidade russa de Belgorod provoca vários mortos e mais de 100 feridos (VÍDEO)

Negociações pela paz comprometidas

A especialista em segurança e teoria das relações internacionais da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) Isabela Gama lembrou à Sputnik Brasil que a Rússia tem buscado um canal de comunicação com a Ucrânia há algum tempo para negociar a paz na região. Porém, o país segue "com seus esforços cada vez mais agressivos" e o atentado terrorista na cidade russa só piora as tensões.

"Essa janela de oportunidade para a paz vem sendo perdida pelo Ocidente em diversos momentos. Já há bastante tempo a Rússia tentou negociar a paz e parece que não está sendo ouvida. Os porta-vozes, ministros e até mesmo o presidente Vladimir Putin vêm a imprensa falar sobre o conflito e a possibilidade de negociações, mas parece que estão falando com paredes", criticou.

Além disso, a especialista enfatiza que a Ucrânia "mente" ao dizer que tinha como alvo apenas instalações militares. "Até porque pré-escolas e estabelecimentos privados não relacionados ao governo foram atingidos por esse ataque ucraniano, com ajuda de equipamento tcheco", disse, acrescentando que o uso de armamentos fornecidos pelo Ocidente no ataque pode levar a uma escalada do conflito para outras partes da Europa.

"A União Europeia está bastante dividida. Isso é um problema, porque é complicado que cheguem a um acordo sobre quem vai apoiar, quem não vai. Muitos não estão mais por ser muito custoso para o bloco. E esse conflito pode, sim, se espraiar para a região em algum momento, porque com mais um ataque indiscriminado à Rússia, ninguém garante que em algum momento ela não retalie", afirma.

Fragmento de projétil que caiu em Belgorod, na Rússia, após bombardeio ucraniano, em 30 de dezembro de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 30.12.2023
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Repercussões geopolíticas no continente

O professor universitário e cientista político Rodolfo Marques concorda com a possibilidade de as mortes de civis em Belgorod causarem uma série de repercussões geopolíticas para além da Rússia, diante das constantes tentativas do Ocidente em deixar ainda mais tensas as relações do país com a Ucrânia, o que atrasa a chegada de um acordo para o fim da operação especial. Enquanto isso, Kiev recorre até ao alistamento de homens com deficiência física e idosos diante das baixas recorrentes no Exército.

"A região de Belgorod fica próxima da fronteira com a Ucrânia. Então, é um ponto também importante ali de convergência, e, certamente, haverá um desdobramento, não só nas reações russas, mas também nessa discussão que vai ser travada no âmbito das Nações Unidas. É mais um capítulo triste do conflito", declarou.

A Rússia convocou uma reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) para discutir o ataque em Belgorod às 17h, horário de Brasília, neste sábado (30).
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