A pesquisa foi realizada entre 28 e 29 de dezembro, dias após as primeiras medidas anunciadas pelo governo para desregulamentar a economia, o que levou a uma inflação de 30% apenas em dezembro e desvalorização ainda maior do peso argentino. A consultoria responsável pelo levantamento ainda foi uma das poucas que acertou os cenários nas eleições do país no ano passado.
"Durante anos, repetimos como um mantra que os contextos mandam e são extremamente líquidos […]. Governar acreditando que o consenso alcançado em um momento específico no tempo será permanente é o primeiro passo para cometer erros graves", alertou em seu estudo mais recente.
Conforme o levantamento, Milei perdeu mais de um ponto percentual por dia na imagem positiva até a vitória no segundo turno. "É a perda do diferencial positivo mais acelerada de que temos registro. Arriscamos dizer que provavelmente seja a mais acelerada da história da região", informou.
54,3% dos argentinos acreditam que país está na direção errada
Todos os indicadores que avaliam a popularidade do governo argentino foram negativos, pontua a consultoria. Para 54,3% dos entrevistados, o país está na direção errada e 52,9% acreditam que estará pior dentro de um ano do que atualmente.
Além disso, 51,9% são contrários às recentes reformas anunciadas por Milei e apenas 38,2% disseram que manterão o apoio ao presidente recém-eleito, apesar de também considerarem que as medidas possuem impacto negativo.
Ao contrário do que foi prometido durante a campanha eleitoral, 65% dos eleitores ainda acreditam que o ajuste fiscal para restaurar as contas públicas afeta diretamente as classes menos favorecidas — a pobreza já atinge mais de 40% da população do país.
Medidas de Milei não têm respaldo popular
Já com relação ao controverso Decreto de Necessidade e Urgência (DNU), que desregula a economia, 57,1% consideram que a medida favorece apenas as empresas, e não a população.
Ademais, 56,6% afirmam que caso ocorra aumento de mais de 300% nas contas de água e luz, além do transporte público, deixarão de apoiar o atual presidente.
A chamada Lei Ônibus, que Milei apresentou ao Congresso Nacional e até ameaçou a realização de plebiscito caso não seja aprovada, também não conta com respaldo popular: 60,3% discordam ou discordam fortemente, e 61,5% defendem que deveria ser rejeitada pelos legisladores.
"Discutir como chegamos a este ponto tão rapidamente seria assunto para vários relatórios. Mas acreditamos ser importante destacar pelo menos um elemento. A continuidade da comunicação de campanha, estando já no governo, provou ser uma mistura fatal com as primeiras medidas anunciadas", resume a consultoria, que alertou o governo sobre a necessidade de acender "todas as luzes vermelhas de advertência".