O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse à CNN Brasil que não imaginava que algo como os ataques pudesse acontecer e responsabilizou o ex-presidente, Jair Bolsonaro (PL), pelo ocorrido.
"Eu não imaginava que a ignorância tivesse chegado a tal ponto, sabe, de um presidente sem controle emocional, desmoralizado pela quantidade de mentiras contadas durante toda a campanha, tivesse inventado uma coisa daquela. […] E o que é vergonhoso é que inventou e fugiu. Não teve coragem de participar", disse Lula à mídia.
As invasões foram promovidas, em grande parte, por eleitores de Bolsonaro que não aceitaram o resultado das eleições em 2022.
Em imagens registradas, é possível ver muitos manifestantes com camisas e pôster do ex-presidente, o qual, na visão de analistas e de membros do governo, incentivou seus eleitores a fazerem o ato. Tanto ele quanto alguns parlamentares da sua sigla, o Partido Liberal (PL).
No entanto, quando o 8 de janeiro aconteceu, Bolsonaro estava nos Estados Unidos, da onde só voltou no fim de março do ano passado. Para Lula, as invasões aconteceram porque houve incentivo do ex-presidente como também apoio de forças do Estado.
"Havia na verdade um pacto entre o ex-presidente da República, o governador de Brasília [Ibaneis Rocha] e a polícia, tanto a do Exército quanto a do DF [Distrito Federal]. Isso havia, inclusive com policiais federais participando. Ou seja, aquilo não poderia acontecer se o Estado não quisesse que acontecesse", afirmou o presidente em outra entrevista sobre o assunto ao jornal O Globo.
Lula também afirmou à mídia que não imaginava esse cenário porque também já havia disputado "muitas eleições": "Eu perdi três eleições seguidas. […] Ou seja, quando a gente perdia, a gente voltava pra casa e ia chorar as mágoas."
"Nós precisamos levar muito a sério o significado da palavra democracia. Democracia é o direito de a gente divergir, discordar, falar o que quer desde que respeite os direitos dos outros e as instituições que nós criamos para garantir a própria democracia", afirmou Lula ao O Globo.
Brasília está se preparando para o evento marcado no Congresso Nacional para o próximo dia 8 de janeiro, que vai "comemorar" um ano das invasões.