Na semana passada, o primeiro-ministro iraquiano Mohammed Shia al-Sudani anunciou que seu governo está formando um comitê para preparar o fim da missão da coalizão liderada pelos Estados Unidos no país árabe, conforme noticiado.
Em entrevista à Reuters hoje (10), Suadani afirmou que "vamos chegar a um acordo sobre um prazo [para a saída da coalizão] que seja, honestamente, rápido, para que não permaneçam muito tempo e os ataques continuem a acontecer".
O líder também afirmou que a saída deveria ser negociada sob "um processo de compreensão e diálogo", mas pontuou que apenas o fim da guerra de Israel na Faixa de Gaza pararia o risco de uma escalada regional.
"Há uma necessidade de reorganizar esta relação para que não seja um alvo ou justificação para qualquer parte, interna ou estrangeira, interferir com a estabilidade no Iraque e na região […] essa [o fim da guerra em Gaza] é a única solução. Caso contrário, veremos uma maior expansão da arena de conflito em uma região sensível para o mundo que detém grande parte do seu abastecimento energético", sublinhou.
Os apelos de longa data de grupos maioritariamente muçulmanos xiitas – muitos deles próximos ao Irã – para a saída da coalizão liderada pelos EUA ganharam força após uma série de ataques norte-americanos a grupos militantes que também fazem parte das forças de segurança formais do Iraque.
Uma retirada dos EUA provavelmente aumentaria a preocupação em Washington sobre a influência de Teerã na elite governante iraquiana, analisa a Reuters.
O porta-voz do Pentágono, Pat Ryder, disse a repórteres na segunda-feira (7) que "não tinha conhecimento de quaisquer planos" dos EUA de se retirarem do Iraque.
De acordo com o especialista em Oriente Médio e professor emérito da Universidade George Washington, Hossein Askari, se as forças estadunidenses deixarem o país, não será por sua própria vontade, uma vez que permanecer é "a melhor estratégia" para separar o Iraque do Irã.
"Os EUA vão arrastar os pés e estarão relutantes em deixar o Iraque por muitas razões. Primeiro, eles temem uma maior cooperação entre o Iraque e o Irã, e vê na sua presença a melhor estratégia para prevenir esse futuro. Em segundo lugar, utilizam a sua presença para obstruir uma estrada desimpedida entre o Irã e a Síria, o que por sua vez é importante para Israel. Terceiro, e relacionado à minha razão anterior, os políticos norte-americanos são subservientes aos interesses israelenses e Israel está obcecado pelo Irã", explicou Askari em entrevista à Sputnik.
Soldados norte-americanos cobrem o rosto de uma estátua de Saddam Hussein com uma bandeira dos EUA antes de derrubar a estátua no centro de Bagdá no auge da Guerra no Iraque, Iraque, 9 de abril de 2003
© AP Photo / Jerome Delay
Além disso, o professor acredita que "nos bastidores", os líderes dos países do Conselho de Cooperação do Golfo, embora possam ter grandes diferenças políticas com Washington, têm medo de uma cooperação crescente Teerã-Bagdá em meio à sua própria fraqueza militar e, portanto, prefeririam que os EUA permaneçam no Iraque indefinidamente.
Quanto à justificação de Washington para a sua presença – o combate ao terrorismo, Askari acredita que o papel dos EUA é, na melhor das hipóteses, "marginal" e constitui mais uma "desculpa" do que uma razão genuína.
"Se olharmos para trás, o general Qassem Soleimani foi importante nesta luta [contra o terrorismo], mas os Estados Unidos o assassinaram", lembrou o especialista.
As forças lideradas pelos EUA invadiram o Iraque e derrubaram o antigo líder Saddam Hussein em 2003, retirando-se em 2011, mas regressando em 2014 para combater o Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e em diversos países) como parte de uma coalizão internacional. Washington tem atualmente cerca de 2.500 soldados no Iraque.