Conforme a ação judicial, Lélis ainda teria se apropriado de forma ilegal de US$ 700 mil (R$ 3,41 milhões). O caso estava parado desde setembro de 2021 e foi retomado pelo júri federal norte-americano.
Somente uma das vítimas denunciou que teria pago para a falsa advogada mais de US$ 135 mil (R$ 658 mil), com a promessa de conseguir um visto EB-5. Considerado um dos mais burocráticos ao exigir investimentos superiores a US$ 1 milhão (R$ 4,93 milhões), o documento dá ao estrangeiro o direito de residir de forma permanente nos EUA.
"A vítima fez dois pagamentos iniciais totalizando mais de US$ 135 mil, com base na declaração de Lélis de que o dinheiro estava indo para um projeto de desenvolvimento imobiliário no Texas, que se qualificava para o programa EB-5. Em vez disso, o dinheiro da vítima teria ido para a conta bancária pessoal de Lélis. Em vez de investir o dinheiro conforme prometido, Lélis supostamente o usou para pagar a entrada de sua casa em Arlington, reformas de banheiros e outras despesas pessoais, como dívidas de cartão de crédito", revela a nota do Departamento de Justiça dos EUA.
De acordo com o órgão, a brasileira ainda teria fornecido um número de processo falso que a mostrava como advogada de litígio. Além disso, Patrícia Lélis forjou diversas assinaturas sobre o projeto de investimento no Texas para convencer as vítimas, além de convencer amigos a se passarem por funcionários em chamadas de vídeo. "Quando uma vítima finalmente se recusou a enviar a ela mais dinheiro, Lélis supostamente ameaçou os pais da vítima com a remoção dos Estados Unidos e, depois, os encaminhou para uma agência de cobrança", acrescenta.
Brasileira é procurada nos EUA
A jornalista é acusada pela Justiça norte-americana de três crimes: fraude eletrônica, transações monetárias ilegais e roubo de identidade agravado. Juntas, as penas podem ultrapassar 32 anos de prisão. Lélis segue sendo procurada pelo Departamento Federal de Investigação (FBI, na sigla em inglês) no país.
Nas redes sociais, Patrícia Lélis minimizou as acusações e disse que é uma exilada política. "Foram meses de perseguições e falsas acusações. Meu suposto crime: não aceitei que me fizessem de bode expiatório contra aqueles que considero como meus irmãos por cultura e, principalmente, por lado político. E, sim, "roubei" todas as provas que pude para mostrar o meu lado da história e garantir a minha segurança. Esses documentos já foram entregues ao governo que me garantiu asilo político", declarou.
No Brasil, Lélis fez acusações em 2018 contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), quando chegou a disputar as eleições para a Câmara dos Deputados, mas não venceu. Dois anos antes, ela acusou o deputado federal Marco Feliciano (PL-SP) de tentativa de estupro e cárcere privado, época em que era estudante de jornalismo. O caso foi arquivado pela polícia.