O evento, realizado no Navio de Pesquisa Hidroceanográfico Vital de Oliveira H-39, contou com a presença da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva; a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos; o ministro da Defesa, José Mucio; e o comandante de Operações Navais e diretor-geral de Navegação da Marinha, almirante de esquadra Wladmilson de Aguiar.
Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, chamou a atenção para o fato de que 95% das exportações brasileiras são feitas por navios, algo próximo de R$ 1,5 trilhão de reais, e alertou que "nós não temos uma frota própria". Desse modo, o setor de transporte marítimo "tem que crescer rápido no país".
Segundo Mercadante, o momento atual é uma janela única para
posicionar o país na vanguarda da indústria naval mundial, por conta das necessidades tecnológicas demandadas pela
transição energética.
A Organização Marítima Internacional (OMI), agência especializada da ONU que regulamenta o transporte naval, está discutindo novas regras para o setor. Apesar de só ficarem prontas em meados de 2025, é esperado que a agência imponha multas a embarcações que utilizem combustíveis de origem fóssil.
Ainda não se sabe de quanto será a penalização, mas as previsões mais pessimistas indicam que pode ser de até US$ 500 (aproximadamente R$ 2,4 mil) por tonelada, para as embarcações sem combustíveis sustentáveis.
De acordo com o presidente do BNDES, a situação se apresenta como oportuna para o Brasil "reativar os estaleiros comerciais". "Em 2022, o BNDES liberou R$ 600 milhões para a construção naval. Em 2023 foi R$ 1,2 bilhão. Neste ano eu garanto que não será menos de R$ 2 bilhões."
O banco de desenvolvimento pretende atrair novas iniciativas a partir da redução dos juros cobrados e de
linhas de crédito mais longas, que chegam a 34 anos para investimentos portuários.
Outro grande projeto do BNDES Azul,
em parceria com a Marinha, é o
Planejamento Espacial Marítimo (PEM), que vai
mapear as potencialidades econômicas das águas marítimas brasileiras, como locais aptos para aquicultura, pesca, exploração de petróleo e gás, turismo e instalação de parques eólicos.
O evento foi marcado pela liberação de R$ 7 milhões para completar o mapeamento econômico dos mares da região Sul, e pela abertura de um edital de R$ 12 milhões para o mapeamento da região Sudeste. "Os interesses que estão nos oceanos, especialmente para um país com 8,5 mil de quilômetros de costa, são decisivos para o futuro", disse Mercadante.
"Nesse setor tão diversificado e interconectado como o marítimo, onde atividades como a navegação, a pesca, a exploração de recursos e a exploração de energias renováveis ocorrem simultaneamente, um arcabouço legal sólido é essencial para garantir a ordem e a proteção do serviço", afirmou Wladmilson de Aguiar, comandante de Operações Navais e diretor-geral de Navegação da Marinha.
"A ideia do PEM é mapear todas essas valências, todas as oportunidades e capacidades que a nossa Amazônia Azul tem em termos de recursos."