Panorama internacional

'Europa não deve transformar euro em arma', diz chefe do BC da Itália ante confisco de ativos russos

De acordo com o governador do Banco Central da Itália e ex-membro da Comissão Executiva do Banco Central Europeu, Fábio Panetta, usar a zona do euro para confiscar os ativos reduz a atratividade do euro e encoraja surgimento de alternativas, nomeadamente o yuan chinês.
Sputnik
Panetta declarou nesta sexta-feira (26) que a zona do euro não deveria usar sua própria moeda como arma em um conflito global, pois isso poderia prejudicá-la. A declaração acontece quando a União Europeia avança na proposta para confiscar ativos estatais russos.

"Armar uma moeda reduz inevitavelmente a sua atratividade e encoraja o surgimento de alternativas. Este poder deve ser usado com sabedoria, pois as relações internacionais fazem parte de um 'jogo repetido'", afirmou Panetta, segundo a agência Reuters.

Autoridades europeias têm debatido há meses a possibilidade de confiscar ativos russos congelados, incluindo reservas do Banco Central, para usar o dinheiro no financiamento da reconstrução da Ucrânia. No entanto, alguns países, como Alemanha e França, têm sido mais cautelosos com a proposta.
Panorama internacional
UE avança no plano para tributar lucros de ativos russos congelados; Alemanha resiste à apreensão
Panetta também argumentou que o conflito em torno da Ucrânia levou a um aumento do papel do yuan chinês em detrimento de outras moedas, uma vez que grande parte do comércio da Rússia é agora feito na moeda chinesa.
"As autoridades chinesas estão explicitamente a promover o seu papel na cena global e a encorajar a sua utilização em outros países, incluindo aqueles sancionados pela comunidade internacional […]", afirmou.
Como resultado, o yuan ultrapassou o euro como a segunda moeda mais utilizada para o financiamento do comércio e o iene como a quarta moeda mais utilizada para pagamentos globais, disse Panetta.
Panorama internacional
Yuan supera euro e se torna 2ª moeda de financiamento comercial
A União Europeia, os Estados Unidos, o Japão e o Canadá congelaram cerca de US$ 300 bilhões (R$ 1,47 bilhão) em ativos do Banco Central russo em 2022. Cerca de US$ 200 bilhões (R$ 982 bilhões) são detidos na Europa, principalmente na câmara de compensação belga Euroclear.
Os opositores à ideia do confisco argumentam que a apreensão de ativos poderia levar os investidores de outros países a fugirem, temendo pela segurança dos seus próprios investimentos, enfraquecendo a moeda e aumentando os rendimentos.
Na visão do economista italiano, a Europa deveria fortalecer o euro, tornando-o mais atraente, implementando mudanças há muito adiadas que reforçariam o seu papel como moeda de reserva.
Panorama internacional
Kremlin: se o Ocidente roubar ativos da Rússia, consequências serão 'prejudiciais' e terão resposta
Isso incluiria a criação de um ativo seguro que seja emitido em quantidades suficientes e previsíveis, e a conclusão de uma união bancária que reduziria a dificuldade da atividade bancária transfronteiriça.
Outro passo seria um sistema eficiente de pagamentos e infraestruturas de mercado em todo o bloco, que poderia ser ajudado por uma moeda digital do Banco Central.
Comentar