Panorama internacional

'Dexit': em alta, partido alemão AfD considera tirar o país da União Europeia

Declarações recentes da líder da Alternativa para a Alemanha (AfD), Alice Weidel, acenderam a chama dentro do partido para uma saída germânica da União Europeia. Em entrevista à Sputnik, deputados do partido apontam os problemas com o bloco político-econômico.
Sputnik
Em falas ao Financial Times, Alice Weidel afirmou que o Reino Unido "teve razão" quando optou por abandonar a comunidade europeia no Brexit. Seu colega de partido, Dick Spaniel, afirmou que antes de tudo a AfD quer "trabalhar para remediar as falhas [da UE].

"Se isto não for bem sucedido, a opção de deixar a União Europeia também deve ser concebível para um Estado soberano", disse Spaniel à Sputnik.

Dentre os problemas do bloco, Spaniel cita a "deprimente proporcionalidade nas eleições para o Parlamento Europeu" que, segundo o deputado do Bundestag, "é incompatível" com o princípio democrático da proporcionalidade do voto. "Um eleitor alemão tem muito menos peso do que, por exemplo, um eleitor de um Estado pequeno, digamos Malta", afirmou.
O político também chama a atenção para os altos empréstimos da Alemanha para o bloco. "São cerca de € 17 bilhões (R$ 90 bilhões) em contribuições para a União Europeia."
Panorama internacional
Crise na Alemanha reflete sujeição de Berlim aos EUA e abre oportunidades para o Brasil, vê analista
A Alemanha é "de longe o maior contribuinte líquido para a UE sem receber qualquer compensação adequada em troca", disse Christian Blex, legislador da AfD no parlamento estadual da Renânia do Norte-Vestfália, em entrevista à Sputnik.

"Ao mesmo tempo, as elites corruptas na UE estão a tentar destruir gradualmente a independência nacional dos Estados-membros", afirmou Blex.

Além disso, os legisladores apontam para problemas nas estruturas de tomada de decisão da UE, o Conselho Europeu, a Comissão Europeia e o Parlamento Europeu.
Weidel afirma que a Comissão Europeia é um "executivo não eleito", uma vez que seus membros são apontados pelos governos dos Estados-membros da UE. Já Blex vê na composição do Conselho da UE "uma violação de um princípio fundamental da separação de poderes", uma vez que é composto por ministros nacionais, do Executivo, e age como legislador.
Panorama internacional
De locomotiva da Europa ao último vagão do bloco: os principais fatores da crise econômica alemã
Atualmente, Berlim passa por uma crise econômica após se juntar à campanha de guerra econômica liderada pelos Estados Unidos contra a Rússia. As sanções, destinadas a paralisar a economia russa, foram um tiro pela culatra nos países que as aplicaram, com a Alemanha sofrendo com a perda de acesso à energia de baixo custo russa.
Uma sondagem recente revelou que 45% dos membros da AfD apoiariam um "Dexit", enquanto apenas 10% da população alemã o faria.

"A maioria dos alemães rejeitaria uma saída da União Europeia neste momento", disse Dirk Spaniel, acrescentando que "isto se deve provavelmente ao fato da maioria dos cidadãos não estar suficientemente consciente dos custos reais e das decisões muito distantes [tomadas em Bruxelas]"

A AfD cresce em popularidade na Alemanha, com expectativas de que vença as eleições nos estados orientais de Brandemburgo, Saxônia e Turíngia. Ao mesmo tempo, o partido lidera as pesquisas de opinião a nível nacional, com 22% do apoio.
O partido espera vencer as eleições para o Parlamento Europeu em junho e as eleições regionais em setembro. Ao mesmo tempo, uma onda nacional de políticos de ideologia contrária à AfD busca proibir o partido de concorrer as eleições sob acusações de que seria um partido de extrema direita.
Panorama internacional
Ao celebrar libertação de Auschwitz pelos soviéticos, Scholz diz que 'neonazistas estão em ascensão'
Comentar