Em comunicado, a entidade russa declarou que o Tribunal de Arbitragem Desportiva (TAD) impôs a "sanção mais severa" à atleta, desqualificando-a por um período de quatro anos, apesar de todos os argumentos e alegações disponíveis terem sido apresentados aos árbitros "da forma mais completa possível".
Diante disso, o comitê olímpico do país acredita que "já não se pode confiar na objetividade e imparcialidade deste organismo internacional".
"Durante dois anos, não houve uma resposta razoável à pergunta, inicialmente objeto de grandes dúvidas: por que a amostra antidoping retirada em dezembro de 2021 de Valieva permaneceu por um mês e meio em um laboratório sueco, contrariando todos os prazos estabelecidos", indica o comunicado.
A entidade russa ainda destacou a coincidência de que o resultado do teste antidoping de Valieva foi revelado pouco após o final da competição de patinação artística por equipes nos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, em 2022, quando a russa conquistou o primeiro lugar na patinação individual feminina.
"De fato declarou-se guerra ao esporte russo, e nessa guerra, como podemos ver, todos os meios são válidos", denunciou o comitê, acrescentando que os prêmios conquistados pela equipe nacional "não estão legalmente sujeitos a revisão".
A treinadora de patinação artística russa Tatiana Tarasova também manifestou indignação com a decisão, a qual classificou como "injustiça contra a garota e o país que representa". O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que a decisão foi "politizada" e que Moscou terá de proteger seus atletas "até o final".
Decisão do tribunal é 'final e vinculativa'
A decisão do tribunal que desqualifica a patinadora russa de 17 anos é "final e vinculativa", apesar de a atleta ter o direito de apresentar um recurso ao tribunal federal suíço no prazo de 30 dias. "Decide-se que Kamila Valieva cometeu uma infração das normas antidoping e é sancionada com um período de suspensão de quatro anos a partir de 25 de dezembro de 2021", comunicou o órgão internacional na segunda-feira (29). A atleta será privada de todas as medalhas conquistadas, e os resultados de sua participação em competições a partir dessa data serão anulados.
Há um ano, o mesmo tribunal reconheceu que a substância proibida trimetazidina, encontrada no sangue da patinadora, poderia ter entrado em seu organismo devido a um medicamento consumido por seu avô, que passou por uma operação cardíaca.