Os EUA querem que a Turquia pague pela manutenção dos caças F-35 que Ancara não recebeu devido à compra dos sistemas de defesa aérea russos S-400, escreve no sábado (3) o jornal turco Aydınlık.
Anteriormente John Kirby, coordenador de comunicações estratégicas da Casa Branca, disse que a possibilidade de fornecer esses caças à Turquia é incompatível com o fato de Ancara possuir os sistemas de defesa antiaérea russos S-300 e S-400. Ele relatou que os dois países têm mantido discussões sobre essa questão e que os EUA estão prontos para retomar a participação da Turquia no programa de fornecimento dos F-35 depois que Ancara resolva "as preocupações de Washington".
"O lado americano tem mantido seis caças F-35A Lightning II, pelos quais a Turquia pagou, em seu hangar por seis anos. Essas aeronaves passam por manutenção mensal para garantir que estejam prontas para o serviço", detalhou o Aydınlık.
"Os EUA estão exigindo que a Turquia pague pelo hangar e pelos custos de manutenção e assistência técnica dos caças. Os EUA também estão exigindo pagamentos adicionais da Turquia, afirmando que houve interrupções na cadeia de suprimentos dos F-35 e aumento dos custos devido à exclusão das empresas turcas envolvidas na produção do programa", escreve o jornal.
Segundo o Aydınlık, a atual Lei de Autorização de Defesa Nacional (NDAA, na sigla em inglês) prevê que o Pentágono pode gastar até US$ 30 milhões (R$ 149,07 milhões) para transportar os seis F-35 turcos para um local onde eles possam permanecer até que seja formulado um plano para seu estacionamento contínuo.
"Já Ancara está exigindo a devolução de US$ 1,4 bilhão [R$ 6,96 bilhões] pagos pelo projeto, bem como uma compensação pelos danos causados aos investimentos das empresas turcas, levando em conta os compromissos assumidos no projeto, ou a continuação da compra de componentes. Até o momento, não houve progresso nessa disputa", diz o artigo.
Em 2017, a Turquia assinou um contrato com Moscou para fornecer um lote de sistemas S-400, que recebeu na segunda metade de 2019. Ao mesmo tempo, os EUA exigiram o abandono dos sistemas russos para adquirirem os norte-americanos Patriot, mas Ancara não aceitou.
Em resposta, Washington excluiu a Turquia do programa de fornecimento dos mais recentes caças F-35 e impôs sanções contra os líderes do setor de defesa, em conformidade com a Lei Contra Adversários da América Através de Sanções (CAATSA, na sigla em inglês). Os EUA cancelaram um memorando conjunto sobre os F-35 com a Turquia, e em vez disso, assinaram-no com os sete parceiros restantes no projeto do caça (Austrália, Canadá, Dinamarca, Itália, Noruega, os Países Baixos e o Reino Unido).
Posteriormente, Recep Tayyip Erdogan, presidente da Turquia, anunciou uma proposta dos EUA para comprar outras aeronaves militares, mas não as de quinta geração, ou seja, os F-16 de quarta geração. Em abril de 2023, Mevlut Cavusoglu, então ministro das Relações Exteriores turco (2014-2023), anunciou que Ancara receberia de volta o dinheiro pago pela compra dos F-35 dos EUA.