"Isso é o contrário do que é feito com o FMI, onde a maior parte dos recursos vem dos Estados Unidos, e o poder de veto [sobre projetos] advém desse montante, o que significa que para decisões relevantes [serem aprovadas] é necessário alcançar 85% dos votos; para outras é metade mais um. E os EUA, tendo essa cota maior, têm 17% dos votos, o que significa que sozinhos têm poder de veto sobre qualquer coisa que seja relevante dentro do fundo monetário", explica.
Brasil deve ter mais projetos aprovados no banco
"No caso brasileiro, nos primeiros anos o desembolso [do banco] foi muito baixo. Já temos um banco de desenvolvimento interno, que é o BNDES, e que em alguma medida já cumpre essa função de fomento a crédito de longo prazo e com taxas subsidiadas. Mas acesso a crédito nunca é mal visto, e um dos motivos que levaram [ao baixo uso de recursos inicialmente] foi a ausência de um escritório no Brasil, e isso faz diferença. Agora tem em São Paulo e Brasília, fazendo com que os possíveis demandantes de crédito tenham maior conhecimento sobre o banco", resume o especialista.
Qual é o principal objetivo do banco do BRICS?
"É um absurdo o poder dessas agências de rating que hoje dominam o mercado financeiro internacional, porque estão avaliando não apenas empresas, mas também países e seus setores públicos. Quando elas atribuem nota A mais, B menos, tiram ou dão o grau de investimento a um país e tiram do outro, e ficam na base das ameaças também. Eu fiz um estudo junto com alguns colegas, a gente olhou mais de 80 relatórios dessas agências, e são ameaças o que elas fazem", enfatiza Conti.
Quem financia o banco do BRICS?
Já a professora associada da O.P. Jindal Global University Karin Costa Vazquez pontua à Sputnik Brasil a importância de o Novo Banco de Desenvolvimento ter a atuação focada nos países emergentes. No caso da entrada de algum país desenvolvido, há limite de participação acionária em 20%. "Essa é uma grande inovação, quando, na verdade, em várias das outras instituições do sistema de Bretton Woods essa relação é inversa. Os países desenvolvidos que emprestam os recursos têm um poder de voz e voto maior, comparados aos países que tomam os empréstimos", afirma.