No mês passado, a Agência das Nações Unidas de Assistência e Obras aos Refugiados da Palestina (UNRWA) lançou uma investigação sobre as alegações de Israel de que vários funcionários da agência estiveram envolvidos nos ataques do Hamas em 7 de outubro.
Desde que as alegações foram levantadas, diversos países deixaram de contribuir com o órgão, como Estados Unidos, Reino Unido, Itália, Alemanha, Canadá e outras 14 nações.
Em um movimento contracorrente, o Brasil examina a possibilidade de fazer uma contribuição para a agência das Nações Unidas. Dentro do governo brasileiro, não se descarta que o país possa fazer algum tipo de anúncio, de acordo com o colunista Jamil Chade, do UOL.
Em 2024, o Brasil assume a vice-presidência do Conselho Consultivo da agência e, dentro do Itamaraty, uma ala defende que o país incremente sua contribuição para a entidade, relata o colunista.
A mídia relembra que em 9 de novembro do ano passado, em um discurso em Paris, o assessor especial da presidência para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, afirmou que, entre 2006 e 2016, o Brasil destinou US$ 20 milhões (R$ 99 milhões). Depois de uma queda drástica do apoio brasileiro para a agência a partir dos anos de Michel Temer, Amorim sinalizou que haveria uma mudança.
"Tendo fornecido à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) um total de US$ 20 milhões entre 2006 e 2016, estamos determinados a retomar nosso compromisso com a agência. Uma contribuição financeira simbólica à UNRWA está sendo feita imediatamente. Uma contribuição mais substancial está sendo preparada e será anunciada em breve", afirmou o ex-chanceler na época.
Não há ainda uma definição se a nova ajuda vai ocorrer. Mas uma ala dos negociadores defende que Lula use sua viagem ao Egito, na semana que vem, para fazer um gesto neste sentido, escreve o colunista.
Em um comunicado emitido ainda no mês passado, o governo brasileiro também saiu em apoio à agência.
O Itamaraty afirmou que o "Brasil confia em que as investigações […] chegarão a bom termo […]. As referidas denúncias não devem, entretanto, ensejar redução das contribuições imprescindíveis ao funcionamento da UNRWA, em cenário que pode levar ao colapso das atividades da agência, em contexto de grave crise humanitária em Gaza e em prejuízo do cumprimento de recente decisão, de caráter juridicamente vinculante, pela Corte Internacional de Justiça (CIJ), sobre o imperativo de garantir o acesso humanitário aos cidadãos de Gaza".
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, descreveu a UNRWA como "a espinha dorsal de toda a resposta humanitária em Gaza" e fez um apelo a todos os países para que "garantam a continuidade do trabalho da UNRWA, que salva vidas".
O Ministério da Saúde de Gaza afirmou hoje (10) que o número de palestinos mortos ultrapassou os 28 mil. Em Israel, ao menos 1.139 pessoas foram mortas.