Alexander Stubb fez o retorno político no domingo (11), derrotando seu rival, Pekka Haavisto, do Partido Verde, de centro-esquerda, no segundo turno. O resultado ficou em 51,6% contra 48,4% dos votos.
Stubb assumirá o cargo em 1º de março e cumprirá um mandato de seis anos como 13º presidente e comandante em chefe da Finlândia. O presidente eleito é conhecido pela sua posição belicosa em relação à Rússia.
Durante a campanha, disse que a Finlândia está "no limiar de uma nova era", gabando-se do fato de o país ser agora membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
"Quando se tornou evidente, logo no início da guerra [operação militar especial da Rússia na Ucrânia], que o nosso caminho rumo à aliança iria começar, senti fortemente que esta era uma nova era na política externa finlandesa, e talvez eu poderia jogar meu chapéu no ringue mais uma vez", disse Stubb à imprensa.
Após as eleições, afirmou não ver possibilidade de qualquer "diálogo político" com o presidente russo, Vladimir Putin, enquanto estiver em curso a operação especial.
"É claro que espero pela paz, mas me parece que o caminho para a paz só pode ser encontrado através do campo de batalha. Neste momento, só precisamos fornecer um forte apoio à Ucrânia", disse Stubb à mídia finlandesa.
O novo presidente finlandês não mencionou, no entanto, que os seus aliados da OTAN estão ignorando a abertura da Rússia para discussões de paz sobre a Ucrânia e a segurança da Europa como um todo. Mais recentemente, o principal diplomata europeu, Josep Borrell, declarou, em um artigo para a revista francesa Le Nouvel Observateur, que a reconciliação entre a Rússia e a Ucrânia e a cessação das hostilidades seriam "um erro". A representante do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, criticou os comentários de Borrell como "monstruosos".
"Quero ver a Finlândia no centro da OTAN", afirmou Stubb após a vitória. "Somos um fornecedor de segurança, não um consumidor de segurança. Não temos limites para a nossa adesão à OTAN. Temos uma das defesas mais fortes da Europa e somos um ativo de segurança na OTAN", afirmou.
O país nórdico aderiu à OTAN em 4 de abril de 2023. A Finlândia, uma nação de 5,5 milhões de habitantes, pode convocar até 280 mil soldados e possui um total de 900 mil pessoas treinadas como reservistas. De acordo com uma matéria da Reuters, as forças terrestres finlandesas estão equipadas com aproximadamente 650 tanques, incluindo 200 Leopard 2A6 e 2A4, de fabricação alemã. Além disso, eles possuem cerca de 700 obuseiros, 700 morteiros e cerca de 100 lançadores de foguetes pesados e leves. O seu arsenal também possui um mínimo de 650 mísseis antiaéreos.
Em dezembro de 2023, o governo finlandês sinalizou que investiria mais de US$ 130 milhões (cerca de R$ 644 milhões) nos próximos três a quatro anos para duplicar a produção nacional de munições de artilharia e morteiros, incluindo munições de 155 mm, bem como munições de morteiro de 81 mm e 120 mm.
Além disso, Stubb mencionou anteriormente que as armas nucleares da OTAN poderiam ser potencialmente transportadas através da Finlândia no caso de uma "situação difícil".
A Finlândia, um Estado anteriormente neutro, anunciou formalmente a sua candidatura para aderir à OTAN, juntamente com a Suécia, em 15 de maio de 2022. Embora a neutralidade da Suécia tenha sido autodeclarada e não consagrada na lei, a da Finlândia foi estipulada pelo Tratado de Paris, de 1947, que foi assinado após o fim da Segunda Guerra Mundial entre a União Soviética, o Reino Unido, os EUA e a França, de um lado, e antigos aliados da Alemanha nazista — Itália, Romênia, Hungria, Bulgária e Finlândia —, de outro.
28 de dezembro 2023, 10:40
Durante a Segunda Guerra Mundial, a Finlândia se aliou à Alemanha nazista, desempenhando um papel crucial na estratégia de Hitler para bloquear Leningrado, hoje São Petersburgo. O cerco de Leningrado durou de 8 de setembro de 1941 até 27 de janeiro de 1944, resultando na morte de cerca de 800 mil a 1,5 milhão de pessoas, segundo estimativas.
Entretanto, a candidatura da Finlândia à OTAN também violou o tratado russo-finlandês de 1992, assinado após o colapso da União Soviética. A Rússia é a sucessora legal da União Soviética de jure e de facto.
Moscou tem manifestado repetidamente preocupação com a pressa da Finlândia em aderir à OTAN, isso sem contar o fato de a decisão de Helsinque ter violado acordos bilaterais e internacionais. A Finlândia partilha uma fronteira de 1.340 quilômetros com a Rússia, tornando a situação ainda mais sensível para ambas as nações.
Em entrevista ao jornalista Pavel Zarubin em dezembro de 2023, o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que todas as disputas entre a Rússia e a Finlândia foram resolvidas há muito tempo e que atualmente não existem problemas nas relações entre os dois países.
"Então eles [o Ocidente] arrastaram a Finlândia para a OTAN. Tivemos alguma disputa com a Finlândia? Todas as disputas, incluindo as de natureza territorial, foram resolvidas há muito tempo, em meados do século XX. Tivemos as mais gentis e mais cordiais das relações", disse Putin ao repórter.
"Não houve problemas, mas agora [com a adesão da Finlândia à OTAN] haverá problemas", disse o presidente russo, acrescentando que Moscou começou a recriar o Distrito Militar de Leningrado e a concentrar unidades militares na região.
O anúncio da recriação do Distrito Militar de Leningrado foi feito no final de 2022. O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, afirmou que a decisão foi motivada pela intenção da OTAN de reforçar o seu potencial militar perto das fronteiras da Rússia.