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Lula critica 'extrema direita xenófoba', defende Estado palestino e pede 'diplomacia' na Ucrânia

Presidente brasileiro ainda se encontra no curso de sua viagem pela África e hoje deve se encontrar com o presidente de Moçambique. Para Lula, "sem os países em desenvolvimento, não será possível a abertura de novo ciclo de expansão mundial".
Sputnik
Discursando na 37ª Cúpula da União Africana (UA) na capital etíope, Adis Abeba, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que as alternativas para fome e desemprego não virão da "extrema direita racista e xenófoba".
"O Sul Global está se constituindo em parte incontornável da solução para as principais crises que afligem o planeta. Crises que decorrem de um modelo concentrador de riquezas, e que atingem sobretudo os mais pobres, e entre estes, os imigrantes. A alternativa das mazelas da globalização neoliberal não virá da extrema direita racista e xenófoba. O desenvolvimento não pode continuar sendo privilégio de poucos. Só um projeto social inclusivo nos permitirá ter sociedades prósperas, livres, democráticas e soberanas. Não haverá estabilidade e democracia com fome e desemprego", afirmou Lula na sexta-feira (16) para os membros dos 55 Estados que fazem parte da UA.
De acordo com o jornal O Globo, o líder ainda declarou que o momento é "propício" para "se resgatar tradições humanistas" acrescentando que isso implica em condenar os ataques no conflito entre Israel e Hamas.
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Mais uma vez, Lula também defendeu que o fim da guerra passa pela criação de um Estado Palestino "livre e soberano".

"Ser humanista hoje implica condenar os ataques perpetrados pelo Hamas contra civis israelenses e demandar a libertação imediata de todos os reféns. Ser humanista impõe igualmente o rechaço a resposta desproporcional de Israel que vitimou quase 30 mil palestinos em Gaza, em sua ampla maioria, mulheres e crianças e provocou deslocamento forçado de mais de 80% da população. A solução para essa crise só será duradoura se avançarmos rapidamente na criação de um Estado palestino livre e soberano, um Estado palestino que seja reconhecido como membro pleno das Nações Unidas", afirmou.

O mandatário também comentou brevemente sobre o conflito na Ucrânia, dizendo que o mesmo evidenciou a "paralisia do Conselho de Segurança da ONU" e que chegou a hora da "política e da diplomacia", visto que o conflito não vai ser resolvido por uma "solução militar".
"Há dois anos, a guerra na Ucrânia escancara a paralisia do Conselho [de Segurança da ONU]. Além da trágica perda de vidas, suas consequências são sentidas em todo mundo, no preço dos alimentos e dos fertilizantes. Não haverá solução militar para esse conflito, é chegada a hora da política e da diplomacia", defendeu.
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Ao mesmo tempo, Lula voltou a reforçar a importância da reaproximação do Brasil com o continente africano visto que o Brasil "durante muitos séculos foi governado olhando para os Estados Unidos e para a Europa" sem ver "a América do Sul e muito menos o continente africano".
"[…] Quando assumi a presidência em 2003, resolvi fazer com que o Brasil se aproximasse do continente africano. O oceano Atlântico não é um obstáculo para nossa aproximação, é uma dádiva de Deus para nossa aproximação."
Mais cedo neste sábado (17), o presidente brasileiro se encontrou por cerca de uma hora com o primeiro-ministro palestino, Mohammad Shtayyeh. Também está prevista reunião bilateral com o presidente de Moçambique, Filipe Jacinto Nyusi.
A mídia afirma que o inicialmente previsto encontro de Lula com o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, não ocorreu, já que Guterres cancelou sua ida a Adis Abeba.
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