Notícias do Brasil

Guerra em Gaza e Holocausto: federações israelita e palestina comentam declarações de Lula (VÍDEO)

As repercussões sobre a fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao comparar os ataques promovidos por Israel na Faixa de Gaza ao Holocausto, dividiram opiniões no Brasil nesta segunda-feira (19). Diante das mais de 28 mil mortes de palestinos, Lula disse que só existiu um momento histórico como esse: quando "Hitler resolveu matar os judeus".
Sputnik
O presidente executivo da Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp), Ricardo Berkiensztat, disse à Sputnik Brasil que a entidade recebeu com "muita preocupação e indignação" as manifestações do presidente Lula ao comparar o que "está acontecendo na Faixa de Gaza neste momento, que nos entristece muito, com o Holocausto nazista".
Segundo o representante da comunidade judaica no Brasil, a guerra só começou depois que Israel foi "atacado pelo grupo terrorista Hamas no dia 7 de outubro, estuprando, matando, queimando pessoas, mulheres, homens, crianças, idosos e sequestrando um monte de pessoas de Israel". Desde então, o conflito no enclave já deixou mais de 85% dos quase 2,4 milhões de palestinos que vivem na região desabrigados.
Além disso, Ricardo Berkiensztat lembrou que quase 140 reféns seguem mantidos sob cárcere do Hamas em Gaza, incluindo "mulheres, jovens, crianças e até bebês".

"Israel tem o direito de se defender e trazer de volta os seus reféns. E essa comparação é esdrúxula. Nada se compara ao que aconteceu no Holocausto. A repercussão [das declarações do presidente brasileiro] é muito ruim", enfatizou. Durante a Segunda Guerra Mundial, o genocídio encabeçado por Adolf Hitler provocou a morte de mais de 6 milhões de judeus.

A federação israelita ainda expressou o temor de que as declarações de Lula ajudam a aumentar o antissemitismo no Brasil. "Esperamos que o Itamaraty volte a ser o Itamaraty que sempre foi: um órgão voltado ao equilíbrio das forças, um órgão voltado a ser um mediador de conflitos, e é isso que a gente espera do governo brasileiro", finalizou o presidente da entidade.

Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal)

Para Ualid Rabah, presidente da Fepal, a comparação feita pelo presidente brasileiro entre o período na nazista e o que acontece atualmente em Gaza foi um acerto.

"Lula está dizendo o seguinte: não é possível calar frente ao genocídio. Vocês já calaram, quer dizer, o Ocidente, os Estados Unidos, frente a Hitler e vocês terem calado, quando não deveriam ter calado, permitiu que a Alemanha nazista fizesse o que fizesse, inclusive, levasse o Holocausto eurojudeu, eurojudaico na Europa."

Rabah afirma ainda que Lula fala "por todos aqueles que estão querendo dizer exatamente a mesma coisa", e conta com o apoio do Sul Global, do BRICS e do continente africano. O presidente da Fepal afirma ainda que a menção ao genocídio é a "única maneira do Ocidente ouvir alguma coisa".

"Se comparar com o Apartheid na África do Sul, o Ocidente não está nem aí, porque não foram brancos vítimas do Apartheid, pelo contrário. Se falar das duas guerras do ópio, a mesma coisa. Se falar dos crimes coloniais, em que foram, aliás, os responsáveis exatamente deste o Ocidente, a mesma coisa."

Notícias do Brasil
Crise diplomática entre Brasil e Israel pode afetar a agenda da cúpula do G20? Analista explica

'Um genocídio', diz Lula sobre atuação de Israel

Durante coletiva de imprensa em Adis Abeba, capital da Etiópia, após o fórum que reuniu representantes da União Africana e da Liga Árabe, o presidente Lula criticou os líderes dos países que cortaram a contribuição para a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA, na sigla em inglês), que atua com milhões de palestinos refugiados, e acusou Israel de cometer genocídio na região.
"O que está acontecendo na Faixa de Gaza não é uma guerra, mas um genocídio. O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu. Quando Hitler resolveu matar os judeus", afirmou.
Panorama internacional
Chanceler russo defende o direito de Lula de expressar a própria opinião
Já nesta segunda, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, disse que o país classificou o presidente Lula como "persona non grata" em Israel por conta da declaração do presidente comparando a ofensiva israelense em Gaza ao Holocausto. "Não esqueceremos e não perdoaremos. Esse é um grave ataque antissemita. Em meu nome e em nome dos cidadãos do Estado de Israel, informei ao presidente Lula que ele é uma personalidade indesejada em Israel até que se retrate", disse.
Comentar