"São quase US$ 24 bilhões [R$ 118,2 bilhões], muito superior ao orçamento do México, com cerca de US$ 7,8 bilhões [R$ 38,4 bilhões]. Estamos empatados [no ranking global] com o Canadá, e isso já mostra a importância e todo o poderio, além da necessidade do Brasil de manter esses gastos altos por vários motivos", enfatiza.
“O Brasil tem a necessidade de manter esses gastos altos por vários motivos. Um dos principais é a grande quantidade de pessoal [das três Forças Armadas] e também as funções constitucionais de defesa, que é a presença em todo o território brasileiro, seja aéreo, terrestre ou marítimo. Então esses valores são realmente portentosos."
Qual o orçamento das Forças Armadas do Brasil?
"Na hora de aumentar os gastos ou de propor orçamento para isso, todos os outros setores da economia apontam que os recursos para a área já são enormes, mas nunca se fala da maioria esmagadora de dinheiro que vai para gastos com pessoal. Não é com modernização, investimento e pesquisa. Então é uma coisa que parece um pouco incompatível, e o país precisa abordar isso para que possa, enfim, viabilizar tudo aquilo que se propõe [ao setor de defesa]".
Quanto do PIB vai para as Forças Armadas?
Qual é a defesa do Brasil?
"Os governos de Michel Temer [MDB] e de Jair Bolsonaro [PL], que tiveram uma presença crescente de militares no governo, não registraram esse movimento de modernização e de aumentar os gastos ou retomar projetos estratégicos, pelo contrário. Houve um contingenciamento de vários projetos, inclusive por suspeitas de envolvimento com grupos que foram investigados no âmbito da Lava Jato, como o caso do Prosub e outras áreas também que tiveram problemas pelo próprio modelo de negócios, a incapacidade ou a falta de estruturação das empresas brasileiras para lidar com isso", explica.
"O governo Lula tem procurado retomar essa ideia, não só através dos discursos e das visitas do próprio presidente, que já visitou ainda no ano passado a base de Itaguaí, onde está em processo avançado de construção do submarino de propulsão nuclear brasileiro, e que já foi para Portugal quando entregou lá o KC-390 para o governo português […]. O que eu acho é que o presidente precisa eventualmente ser um pouco mais ousado nessas declarações para que, enfim, possa retomar ou recuperar um pouco o protagonismo desse debate no que diz respeito à defesa no Brasil", finalizou.