"A ideia não é substituir nenhum organismo existente, mas apenas retomar aquele compromisso de 2015 [quando os países se comprometeram a acabar com a fome até 2030], que, inclusive por conta da pandemia, acabou abandonado. A situação piorou, e não é possível que um mundo com tanta capacidade tecnológica e melhoria na produção de alimentos não tenha esse compromisso humanístico de garantir aos seres humanos o que eles mais precisam em qualquer país", acrescenta, ao lembrar que a iniciativa também já ganhou forte apoio no BRICS, que neste ano recebeu a entrada histórica de novos membros (Etiópia, Egito, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Irã), que se juntaram a Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Brasil quer sair mais uma vez do Mapa da Fome até 2030
"Não se trata de mais um programa de governo, mas um programa do Estado brasileiro integrado, com governos estaduais e municipais, independentemente de disputa partidária, juntamente com os três Poderes, os trabalhadores e o setor empresarial."
"O desafio é grande. Tínhamos que atualizar o Cadastro Único [CadÚnico, usado para beneficiários do Bolsa Família] e garantir que tivesse um novo regramento que levasse em conta o objetivo de tirar o Brasil do Mapa da Fome, assim como reduzir a pobreza e promover a dignidade humana. Então eu digo que o ano de 2023, do ponto de vista de reconstrução [de políticas públicas], foi muito positivo, e já começamos a alcançar os primeiros resultados", explica.
Como está a pobreza no Brasil em 2023?
"Em 2024, nós vamos fazer aqui um esforço para já alcançar o primeiro ano dentro do critério da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura [FAO], ou seja, abaixo de 2,5%, que é o que considera a regra para sair do Mapa da Fome […]. Pobreza não é só comida e não é só renda. É o atendimento de necessidades básicas do ser humano. Se alguém recebe, por exemplo, R$ 1 mil do Bolsa Família, mas não tem moradia, aquele valor vai ser usado em despesa de aluguel que era para atender à alimentação e outras necessidades", argumenta.
"Em 20 anos do Bolsa Família, uma pesquisa feita pelo Banco Mundial e pela Fundação Getulio Vargas [FGV] mostrou que aquela primeira geração que fez o ensino técnico, o ensino superior e estava no programa saiu da pobreza e conseguiu se sustentar, mesmo em um período desafiador como o da pandemia. Esse é o caminho seguro que queremos trabalhar. Não faltará dinheiro para a prioridade do país, que é colocar os mais pobres no orçamento. E nisso temos importante sintonia com o Congresso", garante.