Em um relatório intitulado "Grande Competição de Potência: Implicações para a Defesa – Questões para o Congresso", o Serviço de Pesquisa do Congresso dos Estados Unidos disse que "as Forças Armadas americanas estão atualmente dimensionadas para serem capazes de conduzir algo menor do que dois grandes conflitos simultâneos ou sobrepostos".
De acordo com o documento citado pelo jornal Nikkei Asia, em vez de concentrar toda a atenção na China, Washington enfrenta uma potencial crise em quatro frentes: ajudar a Ucrânia, apoiar Israel, lidar com uma Coreia do Norte cada vez mais provocativa e se preparar para travar uma crise na Ásia caso a China lance uma operação militar em Taiwan. A mídia afirma que o relatório foi atualizado pela última vez em janeiro.
Para encarar todo esse cenário, os EUA precisam gastar "muito mais" em defesa, disse Daniel Twining, presidente do Instituto Republicano Internacional. Twining afirmou ao jornal que embora o pedido de orçamento de defesa do governo Biden ao Congresso tenha aumentado em termos nominais, a relação com o produto interno bruto (PIB) estava diminuindo e não se ajustava à tendência da época.
No entanto, Jennifer Kavanagh, membro sênior do Programa American Statecraft do Carnegie Endowment, alertou para os problemas financeiros que duas guerras ou mais poderiam trazer para o país.
"O custo financeiro de voltar a uma construção de duas guerras seria provavelmente insustentável para os Estados Unidos. A guerra na Ucrânia mostrou quão dispendiosa e intensiva a guerra moderna pode ser, tanto em termos da massa necessária como do custo dos sistemas de ponta. Apenas preparar e financiar uma guerra dos EUA com a China esgotaria todos os recursos dos EUA", frisou.
E não se trata apenas de dinheiro, acrescentou Kavanagh: "Os militares enfrentam uma crise de recrutamento e não está claro se conseguiriam reunir pessoal suficiente para travar duas guerras ao mesmo tempo sem recrutamento, o que é politicamente impopular."
Na visão de Kavanagh, ao mesmo tempo que se concentram na China, os EUA devem consolidar e reduzir as suas forças no Oriente Médio e trabalhar para que os "parceiros regionais carreguem mais do seu próprio fardo de autodefesa".
Sobre a Ásia, a especialista diz que é melhor para os EUA criar uma "estratégia de negação que impeça a China de alcançar os seus principais objetivos, como a tomada de Taiwan", para não haver confronto militar.