Panorama internacional

Exploração madeireira e mineração na Amazônia causam inundações extremas, diz prefeita boliviana

O norte da Bolívia passa pelas piores inundações desde 2012 devido ao transbordamento do rio Acre, cujo nível de água subiu de 1,5 para 16 metros em uma semana. Isso é influenciado pelo desmatamento na Amazônia e pela extração ilegal de ouro nos rios, afirmou a prefeita da cidade de Cobija, Ana Lucía Reis, à Sputnik.
Sputnik
O município, na fronteira com o Brasil, junto com outros 80 afetados na Bolívia, foi inundado pelo transbordamento dos rios, abrigando cerca de 80 mil habitantes.
"Já declaramos uma situação de emergência. O nível da água está quase chegando a 16 metros, o que é o mais alto desde 2012. Mas todas as famílias foram evacuadas a tempo, mais de 500 famílias estão seguras em cinco abrigos, ninguém morreu, incluindo animais", disse Reis.
O rio Acre local tem origem no Peru e atravessa o Brasil antes de chegar à Bolívia. Segundo a prefeita, o transbordamento do rio este ano causa medo entre os moradores locais e já matou dezenas de pessoas.

"O desmatamento, os danos causados às florestas tropicais da Amazônia, a falta de informação, os desmatamentos ilegais, os incêndios, a extração ilegal de ouro… A Amazônia precisa do cuidado de todos os bolivianos. O departamento de Pando está na Amazônia, ao norte de La Paz e Beni. A Amazônia é necessária para evitar tais desastres."

Nos departamentos de La Paz e Beni, onde ela mencionou, a extração de minerais nos rios é amplamente praticada — tanto por cartéis ilegais quanto por empresas transnacionais.
Além disso, as florestas são desmatadas para a agricultura e a pecuária.
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As fortes chuvas na Bolívia começaram em dezembro e janeiro. Desde então, pelo menos 456 casas foram destruídas por inundações, 12 mil famílias foram afetadas e 40 pessoas morreram.
Cobija é uma cidade isolada, integrada com o restante do país por lagos e via aérea. A principal atividade comercial da população é a coleta de castanhas-do-brasil, que rende ao departamento de Pando cerca de US$ 200 milhões (aproximadamente R$ 987 milhões) por ano.

Qual a situação no Acre atualmente?

No fim de fevereiro, 17 dos 22 municípios do Acre — um dos nove estados brasileiros que detém o bioma da Amazônia — declararam situação de emergência por causa das inundações decorrentes da elevação dos níveis dos rios e igarapés.
Jordão, a cidade mais atingida em consequência das chuvas e da cheia, tem cerca de 40% da área urbana comprometida e o hospital de referência está inundado.
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Ao todo, 651 residências da cidade tiveram a energia suspensa para garantir a segurança dos moradores durante a cheia.
As chuvas também afetam territórios indígenas. Segundo o Distrito Sanitário Especial Indígena Alto Rio Purus, 23 comunidades sofrem com os efeitos da cheia dos rios Iaco e Purus. Ao menos 395 famílias indígenas foram atingidas.
O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional afirmou que acompanha a situação no estado acreano.
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