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Lula chama Netanyahu de cidadão e diz que 'não esperava que Israel fosse compreender' sua declaração

Ao fazer novos comentários relacionados às suas declarações sobre o governo de Israel, o presidente disse que, ao comparar as mortes em Gaza às mortes de judeus na Segunda Guerra Mundial, não usou a palavra "holocausto", e que o termo foi parte da interpretação das autoridades israelenses.
Sputnik
Os comentários do presidente Luiz Inácio Lula da Silva desta terça-feira (27) fazem parte de uma entrevista concedida ao jornalista Kennedy Alencar, que ainda não foi divulgada na íntegra.

"Eu diria a mesma coisa. Porque é exatamente o que está acontecendo na Faixa de Gaza. A gente não pode ser hipócrita de achar que uma morte é diferente da outra. Você não tem na Faixa de Gaza a guerra de um Exército altamente preparado contra outro Exército altamente preparado. Você tem uma guerra de um Exército altamente preparado contra mulheres e crianças […]. Quantas pessoas do Hamas já foram apresentadas mortas? Você inventa determinadas mentiras e passa a trabalhar como se fosse verdade. Primeiro porque eu não disse nem a palavra holocausto. Holocausto foi a interpretação do primeiro-ministro de Israel, não foi minha […]", afirmou Lula.

Seguindo suas explanações, o presidente reafirmou a posição do Brasil em condenar os ataques do Hamas, mas disse que não podia "ver o Exército de Israel fazendo com inocentes a mesma barbaridade".
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O petista ressaltou que desde o começo do conflito está pedindo o cessar-fogo e um corredor humanitário para a entrada de alimentos e socorro médico.

"Eu e o Brasil fomos o primeiro país a condenar o gesto terrorista do Hamas. O primeiro país. Mas eu não posso condenar o gesto terrorista do Hamas e ver o Estado de Israel através do seu Exército, do seu primeiro-ministro, fazendo com inocente a mesma barbaridade. Ou seja, o que nós estamos clamando: que pare os tiroteios, que permita que tenha a chegada de alimento, remédio, de médico, enfermeiro, para que a gente tenha um corredor humanitário e tratar das pessoas. É isso", afirmou.

Em seguida, sem citar diretamente o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, Lula declarou que não esperava que o governo de Israel fosse compreender os pedidos porque "conhece o cidadão já há algum tempo" e sabe "o que ele pensa ideologicamente".

"Agora veja, eu não esperava que o governo de Israel fosse compreender. Eu não esperava. Porque eu conheço o cidadão historicamente já há algum tempo, eu sei o que ele pensa ideologicamente."

Na semana passada, Lula disse que "o que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino nunca aconteceu em nenhum outro momento histórico. Na verdade, aconteceu: quando Hitler decidiu matar os judeus. Não é uma guerra entre soldados e soldados. É uma guerra de um Exército altamente preparado contra mulheres e crianças."
A fala do presidente teve grande repercussão, tanto dentro quanto fora do país.
Israel rejeitou a declaração, disse que Lula era persona non grata e utilizou as mídias sociais para criticar o petista. No Brasil, deputados da oposição abriram pedido de impeachment contra o presidente.
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O Itamaraty, através do chanceler Mauro Vieira, afirmou que as manifestações do governo israelense foram "inaceitáveis" e "mentirosas" e convocou o embaixador brasileiro no país, Frederico Meyer, para consultas.

Vieira enfatizou a gravidade das distorções das declarações e das alegadas mentiras, descrevendo a abordagem da chancelaria israelense como uma "vergonhosa página da história da diplomacia de Israel".

No final da semana passada, Lula sustentou as declarações durante um evento no Rio de Janeiro, além de endossar a criação do Estado palestino.
De acordo com o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, o número de palestinos mortos chegou a 29.782. Do lado israelense há cerca de 1.350 mortes, e 250 pessoas foram sequestradas.
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