A falta de comentários unificados de funcionários do governo alemão sobre a gravação que expôs planos militares para atacar a Ponte da Crimeia indica a ausência de um governo unificado no país, enquanto a mídia local tenta manter a ilusão de que existe uma democracia popular.
É o que declarou, neste sábado (2), a representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, em uma postagem em seu canal no Telegram, na qual comentou as recentes notícias sobre o plano alemão para atacar a Ponte da Crimeia.
Zakharova chamou atenção para o fato de que os comentários das agências governamentais alemãs sobre o áudio gravado com a conversa dos militares não provêm de representantes oficiais, mas dos meios de comunicação, com fontes identificadas ou não. Ela afirmou que os fragmentos de declarações "são terrivelmente multidirecionais".
"Surpreendente? De forma alguma. O que isso significa? A ausência de um governo coeso na Alemanha. As elites, as autoridades e o povo não têm responsabilidade uns com os outros nem diálogo. Esta é uma evidência direta da ausência de democracia", escreveu Zakharova.
Ela acrescentou ainda que o episódio mostra que que "a única razão para a existência dos meios de comunicação na Alemanha é manter a ilusão de uma democracia popular". "Toda a informação é distorcida, a sua apresentação é encenada e a responsabilidade é retirada das autoridades", observou a representante oficial do MRE russo.
"Existe uma força invisível (e desconhecida) para o eleitor alemão, não relacionada com o sistema eleitoral, dentro do aparelho estatal da República Federal da Alemanha, que agora governa a Alemanha", acrescentou.
Zakharova sublinhou que os cidadãos alemães têm agora "uma oportunidade única de se salvarem, de puxar esse fio e fazer com que as autoridades tenham uma conversa direta sobre o que está acontecendo na Alemanha e quem está liderando o país". Ela destacou que Moscou exige uma explicação de Berlim em torno da conversa exposta.
Os planos para o ataque contra a Ponte da Crimeia vêm à tona em um momento que o regime de Kiev aumenta os ataques contra alvos civis em várias regiões fronteiriças. O plano foi noticiado pela editora-chefe do grupo Rossiya Segodnya, do qual a Sputnik faz parte, Margarita Simonyan, que publicou, na sexta-feira (1º), na rede social VK, a transcrição completa de uma conversa de 19 de fevereiro de 2024 entre altos oficiais das Forças Armadas da Alemanha.