A pesquisa, publicada na revista Science na última semana, destaca que a cada ano cerca de 2 milhões de pessoas, de todos os continentes, exceto a Antártica, são vítimas desses répteis e mais de 100 mil morrem, principalmente na África, Ásia e América Latina. Cerca de 400 das 3,5 mil espécies são perigosas para os seres humanos.
A descoberta é fruto de uma parceria entre cientistas dos Estados Unidos, da Índia e do Reino Unido, que analisaram os dados das proteínas identificadas em diferentes espécies de cobras conhecidas como toxinas três dedos (3FTx), responsáveis por sintomas graves depois de uma picada, como a paralisia do corpo.
A nova pesquisa utilizou formas das toxinas produzidas em laboratório para examinar bilhões de diferentes anticorpos humanos e identificar um que pudesse bloquear a atividade das toxinas. Foram realizados testes em ratos com sucesso, contra vários venenos, incluindo os de mambas-negras e cobras-reais:
"Esse anticorpo funciona contra uma das principais toxinas encontradas em numerosas espécies de cobras, que contribuem para dezenas de milhares de mortes todos os anos. Pode ser valioso para pessoas em países de baixa e média rendas, que têm o maior ônus de mortes e lesões por picadas de cobra", cita a pesquisa.
11 de dezembro 2019, 09:27
Depois de analisar 30 anticorpos diferentes, os cientistas identificaram um em particular que se mostrou altamente eficaz contra essas toxinas: o anticorpo chamado 95Mat5.
Os cientistas afirmam que agora falta encontrar anticorpos contra outros componentes importantes dos venenos, pois esse não é eficaz contra o veneno de víboras, um dos grupos de serpentes mais letais do mundo. A combinação do 95Mat5 com anticorpos de neutralização ampla contra outra toxina de elapídeos, ou contra duas toxinas de víboras, poderia fornecer a ampla cobertura esperada:
"Acreditamos que um coquetel desses quatro anticorpos poderia potencialmente funcionar como um antídoto universal contra qualquer cobra clinicamente relevante no mundo."