Panorama internacional

Putin: maioria dos países não gosta do monopólio imposto pelos EUA, incluindo seus aliados

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta quarta-feira (6) que as elites dos EUA não aguentaram a carga da responsabilidade de ser a única superpotência com o colapso da União Soviética.
Sputnik
Diante de uma plateia de mais de 8 mil jovens de 188 nações, na cerimônia de encerramento do Festival Mundial da Juventude na Rússia, em Sirius, na região de Krasnodar, Putin comentou que governar o mundo a partir de um centro mina sua fundação e é uma política equivocada:
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, tira uma foto com estudantes estrangeiros que participam do Festival Mundial da Juventude. Rússia, 6 de março de 2024

"Ao fortalecer seu monopólio, eles [os Estados Unidos] criaram uma situação na qual a grande maioria dos países do mundo realmente não gosta e, gradualmente, a resistência a essa ordem mundial emergente cresce", disse Putin.

Ele acrescentou que os aliados dos EUA também veem isso, mas são forçados a "manter silêncio" porque "a dependência é grande na esfera econômica e dos meios de comunicação".
Segundo o chefe de Estado russo, se os EUA têm permissão para defender seus interesses nacionais usando ação militar, outros países também podem fazer o mesmo:
Panorama internacional
Com Putin, Festival Mundial da Juventude reúne milhares de jovens de 188 países (VÍDEOS, FOTOS)

"Os Estados Unidos deixaram esse gênio sair da garrafa sozinhos, mas se isso foi permitido, então por que outros países não são autorizados a proteger os seus interesses fundamentais da mesma forma?", questionou.

África

Ao se dirigir a um representante da delegação africana do festival, assim como o governo norte-americano, a Europa também acredita que a prosperidade se baseia na exploração de outros povos, sobretudo da África, afirmou o líder russo.

"Tanto nos Estados Unidos como na Europa, muitas pessoas sérias, alfabetizadas e profundas acreditam que, em grande medida, o bem-estar desses países se baseia na exploração de outros povos. O bem-estar de hoje se baseia em grande medida na exploração de África, sobre a exploração dos recursos naturais e dos recursos humanos. Eles falam sobre isso de forma direta", opinou Putin.

Ele reafirmou que a Rússia está disposta a fortalecer um trabalho conjunto frutífero em pé de igualdade com o continente africano.
"A África espera isso do mundo inteiro e da Rússia. A África tem um grande futuro", enfatizou o presidente. "Nossa história de relações é muito boa. A África está se desenvolvendo ativamente e quer ser verdadeiramente independente, não se intimida com qualquer grito."

BRICS

Ao responder à pergunta de uma jovem sul-africana, que reivindicou maior participação de jovens no trabalho do BRICS, Putin respondeu que fará tudo o que estiver ao seu alcance para garantir que os jovens dos países do grupo possam se sentar à mesa com os chefes de Estado e "participem da nossa discussão".
Segundo ele, o BRICS atualmente é um ímã que atrai muitos países.

"Hoje, o BRICS é uma associação poderosa e séria, um ímã que atrai muitos países do mundo. Esses países estão ganhando impulso. O PIB [produto interno bruto] global dos países do BRICS é maior do que o PIB dos países do G7. E continuará a aumentar, isso já é um fato", afirmou.

Mundo multipolar

O mandatário também ressaltou que se os Estados criarem um mundo multipolar em que se ajudam mutuamente, as questões sociais serão resolvidas mais facilmente.
"Nossa tarefa comum é garantir que todas as pessoas sejam colocadas em condições iguais. É uma tarefa difícil, mas penso, estou até convencido de que se criarmos este mundo multipolar, no qual não dependemos apenas uns dos outros, mas também nos ajudamos, então as questões sociais, incluindo a educação, a saúde, serão resolvidas com mais facilidade, serão resolvidas com mais eficiência."

Ucrânia

Putin também comentou sobre o conflito com a Ucrânia e afirmou que a reunificação ocorrerá cedo ou tarde, apesar de que hoje as "repugnantes manifestações de nacionalismo o impedem. Esta é uma desgraça que envenena a vida de muitos povos, inclusive atualmente os da Ucrânia":
"Estou certo de que, graças a pessoas como vocês, cedo ou tarde, conseguiremos a reunificação, pelo menos a nível espiritual. Isso é inevitável", disse Putin aos participantes do festival.

Inteligência artificial

Putin também discorreu sobre os desafios impostos a todo o mundo pelo desenvolvimento da inteligência artificial:

"Precisamos chegar a um acordo entre nós. Porque se isso ficar fora de controle, pode causar danos irreparáveis. Quando a humanidade se der conta dos perigos reais para si mesma, no caso dessas tecnologias saírem do controle humano, então, parece-me, será o momento propício para acordos, assim como na área de não proliferação de armas nucleares e controle dessas armas."

O líder russo enfatizou que o uso da inteligência artificial não pode ser interrompido, que segundo ele chegou a um ponto sem retorno. "A era das máquinas que controlarão os humanos chegará. Bem, hoje, em qualquer caso, tudo depende de nós", profetizou Putin.
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