O ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, planeja acelerar o processo de reintrodução do serviço militar obrigatório no seu país, informou a revista Der Spiegel.
Ele deu ao Ministério da Defesa até 1º de abril para apresentar opções para um modelo de serviço militar alemão que dê uma contribuição importante para a "resiliência nacional".
A medida é "um sinal claro do rearmamento que está ocorrendo na Europa", disse Mikael Valtersson, ex-oficial das Forças Armadas/Defesa Aérea sueca, ex-político de defesa e chefe de gabinete dos Democratas Suecos, em entrevista à Sputnik.
Tal processo "pode resultar em uma nova corrida armamentista e em um aumento dos confrontos na Europa", alertou Valtersson. Em um aparente aceno à Alemanha, ele disse que "com o recrutamento, toda a sociedade se torna muito mais militarizada, uma vez que grande parte da população tem experiência militar".
O ex-político de defesa lembrou que "a resistência contra o recrutamento [na Alemanha] diminuiu durante os últimos anos, em parte como resultado do conflito na Ucrânia e do subsequente aumento da tensão entre o Ocidente e a Rússia".
"Mas também em grande parte devido a uma intensa campanha da mídia e dos políticos ocidentais que tentam assustar a população com a 'ameaça da Rússia'. Uma grande parte da população ainda permanece cética em relação ao recrutamento", acrescentou Valtersson.
Ao mesmo tempo, o crítico argumentou que "com forças armadas maiores, a Alemanha terá, naturalmente, uma influência maior na segurança e na política europeias". Segundo o ex-oficial sueco, "a capacidade alemã para substituir os EUA como principal defensor convencional na Europa também aumentará com forças armadas parcialmente baseadas no recrutamento".
Ao se referir aos laços russo-alemães, ele disse que "o recrutamento em si" não os afetaria, "mas em combinação com o rearmamento geral e uma linguagem muito militarista por parte dos meios de comunicação e dos políticos alemães, as relações vão piorar".
Sua argumentação foi ecoada por Stefan Keuter, político alemão do partido Alternativa para a Alemanha (AfD) e membro do Bundestag (parlamento alemão) desde 2017, que disse à Sputnik que o país "já tem um exército regular, a Bundeswehr", que está "integrado na aliança de defesa ocidental".
Se for fortalecido, o "eixo da aliança" europeu poderá reduzir a dependência dos norte-americanos, observou Keuter.
Ainda não está claro "como as coisas vão evoluir em Washington e um alto nível de preparação de defesa não pode ser uma desvantagem", acrescentou, aparentemente se referindo às observações anteriores do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, sobre a sua relutância em defender os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) que não cumprem as diretrizes de gastos.