Em uma reação à entrada ilegal de quatro funcionários de uma agência do governo norte-americano, o Zimbábue anunciou que vai expulsar missões ocidentais que não forem autorizadas a atuar no país.
"O simples fato de alguém não declarar oportunamente a presença de estrangeiros no território de um país soberano chamado Zimbábue é motivo suficiente para deportar essas pessoas, e muito menos subestimar o número de pessoas que entraram ilegalmente no país", destacou Charamba, acrescentando que, nesses casos, "não se pode esperar nenhuma cortesia".
No fim de fevereiro, quatro membros da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID, na sigla em inglês) foram deportados após o governo descobrir que realizaram reuniões para discutir uma "mudança de regime no país". "Ao perceberem que sua equipe estava sendo seguida, a Embaixada dos Estados Unidos [...] não apresentou um comunicado verbal, ou um comunicado diplomático, até 5 de fevereiro de 2024" para notificar sua chegada, explicou Charamba.
"Até então, esse comunicado diplomático em particular só revelou duas pessoas de origem estrangeira", esclareceu o porta-voz, acrescentando que as autoridades do Zimbábue estavam cientes de que "as pessoas que haviam entrado sorrateiramente" no território do país "eram na verdade quatro, e não duas, como declarado".
"Por certo, os outros dois não declarados haviam sido muito ativos no terreno, reunindo-se com grupos de interesse, com membros proeminentes da oposição e com ONGs, e viajando por todo o país com o objetivo expresso de coletar informações, e informações de natureza política", afirmou Charamba.
Desestabilização antes das eleições
Conforme o porta-voz presidencial do país, o governo vai buscar "garantir que esse país estrangeiro respeite a soberania" do Zimbábue.
"Deixe-me deixar muito claro que, embora isso se refira a um incidente específico, o melhor que o governo dos EUA e suas agências podem fazer é entender que o Zimbábue está determinado, é capaz e está preparado para deportar tantas missões ilegais de qualquer país, incluindo o poderoso EUA, sempre que esses países estiverem dispostos a organizar missões ilegais que violem a integridade do Zimbábue", indicou.
"Essa mensagem deve chegar muito claramente a todos os países, incluindo os norte-americanos. O tamanho, o poder militar, econômico e diplomático desse país [dos EUA] são absolutamente irrelevantes quando se trata da soberania do Zimbábue e da necessidade de preservá-la", comunicou o porta-voz.
Para a autoridade do país, a missão norte-americana era política e tinha como objetivo sondar o ambiente antes das eleições gerais, previstas para 2028.
Já a agência norte-americana reagiu à deportação do grupo e ainda alegou abusos cometidos pelas autoridades.
"Os Estados Unidos estão profundamente preocupados com as recentes tentativas das autoridades do Zimbábue de intimidar verbalmente e fisicamente vários funcionários e contratados do governo dos Estados Unidos, submetendo alguns deles a detenção noturna, transporte em condições inseguras, interrogatórios prolongados, apreensão e invasão de equipamentos eletrônicos pessoais e deportação forçada", detalhou no comunicado a chefe da entidade, Samantha Power.