Não há uma maneira rápida de abandonar o combustível nuclear russo, e romper os laços muito cedo prejudicaria os mercados globais de energia, alertou Rafael Grossi na quinta-feira (21). Grossi falava em uma coletiva de imprensa após uma cúpula sobre energia nuclear em Bruxelas que reuniu mais de 30 países.
O chefe da AIEA apelou à não divisão dos fornecedores de combustível nuclear em "bons e maus", sublinhando que é importante ter em conta as necessidades de vários países, tendo simultaneamente em mente que existem certos projetos de infraestrutura de longo prazo onde o combustível russo é vital.
"Eu alertaria contra este ponto da boa energia nuclear contra a má energia nuclear", afirmou Grossi, acrescentando que "não creio que seja isso que precisamos ter no mercado energético global".
O alerta surge no momento em que o primeiro-ministro belga Alexander De Croo disse na cúpula de quinta-feira que as cadeias de abastecimento da indústria nuclear europeia precisavam ser desligadas da Rússia o mais rápido possível, equilibrando ao mesmo tempo as operações existentes.
12 de novembro 2023, 10:28
O comissário de Energia da União Europeia (UE), Kadri Simson, repetiu as suas palavras, dizendo que "cinco Estados-membros que ainda são muito dependentes do combustível nuclear da Rússia têm de diversificar o mais rapidamente possível". Essa "não é uma tarefa fácil", admitiu o comissário.
Alguns Estados-membros da UE têm proposto alargar as sanções do bloco que foram impostas durante o conflito na Ucrânia para incluir o combustível nuclear vendido por Moscou.
A gigante estatal de energia nuclear da Rússia, Rosatom, possui quase 50% da infraestrutura global de enriquecimento de urânio e foi responsável por quase 36% das exportações mundiais em 2022. A Rosatom está atualmente construindo mais de 20 reatores nucleares em todo o mundo, incluindo na Turquia, China, Índia e Hungria, membro da UE.