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Lula: 'País do tamanho do Brasil precisa de Forças Armadas altamente qualificadas' (VÍDEOS; FOTOS)

Em evento com o homólogo francês, Emmanuel Macron, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acompanhou nesta quarta-feira (27) o lançamento ao mar do submarino Tonelero, o terceiro construído através da parceria com a França. Na cerimônia, o submarino foi batizado pela primeira-dama, Janja da Silva, seguindo uma tradição da Marinha.
Sputnik
Com a expectativa de investimentos de mais de R$ 40 bilhões, em 2008, ao fim do segundo mandato do presidente Lula, o Brasil assinou um acordo histórico com a França para a transferência de tecnologia e parceria militar no âmbito do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), da Marinha do Brasil.
Além de quatro submarinos convencionais com propulsão diesel-elétrica, o projeto prevê o desenvolvimento do tão almejado submarino nuclear.
Até o momento, já foram viabilizados três submarinos, entre eles dois construídos integralmente no Brasil. O último foi lançado ao mar nesta quarta, no Complexo Naval de Itaguaí, no litoral sul do Rio de Janeiro, em evento que contou com a presença de autoridades brasileiras e francesas, além dos presidentes Lula e Macron. O submarino Tonelero (S42) deve ser entregue à força para proteção do extenso litoral brasileiro no próximo ano.
Com 71,6 metros de comprimento e 6,2 metros de diâmetro, o equipamento militar tem capacidade para uma tripulação de 35 pessoas. Além disso, atinge profundidade de 250 metros e pode alcançar até 70 dias de operação. O programa da Marinha ainda coloca o Brasil como único país da América do Sul capaz de produzir um submarino em território nacional.
Na cerimônia, o presidente Lula ressaltou a importância dos investimentos na defesa nacional. "Um país do tamanho do Brasil precisa ter Forças Armadas altamente qualificadas e altamente preparadas, a ponto de dar resposta e de garantir a paz quando o nosso país precisar", disse.
Além disso, Lula enfatizou que a parceria com a França reforça a determinação brasileira em "conquistar maior autonomia estratégica, essencial diante das múltiplas crises e desafios com os quais a humanidade se depara neste século".
Diferentemente de outras situações, em que citou a guerra contra os palestinos na Faixa de Gaza e inclusive acusou Israel de genocídio, junto a Macron o presidente brasileiro não fez menção a nenhum conflito.
O petista ainda lembrou das dimensões continentais do país, com mais de 16 mil quilômetros de fronteiras terrestres e uma costa litorânea de 8,5 mil quilômetros.

"Somos um Brasil que faz fronteira com todo o continente africano, porque aqui nós tratamos o oceano Atlântico como se fosse um rio Atlântico, porque nós fazemos fronteira com todo o continente africano. E nós temos que nos preocupar com a nossa defesa, não porque nós queremos guerra — a defesa para quem quer paz, a defesa para quem mora em um continente que já definiu, em todas as reuniões da CELAC [Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos], que nós vamos continuar na América Latina e na América do Sul sendo uma zona de paz", afirmou.

Lula a Macron: 'Temos que aproveitar essa amizade'

Diante das relações diplomáticas históricas com a França, o presidente Lula defendeu o fortalecimento das parcerias entre os dois países nas mais diversas áreas. "Eu quero, presidente Macron, dizer para você que saia do Brasil sabendo que o povo brasileiro gosta do povo francês. E eu tenho certeza que o povo francês gosta do povo brasileiro. Nós temos que aproveitar essa amizade, esse entendimento, para que a gente possa fortalecer os dois países, para que a gente possa trocar os nossos conhecimentos científicos e tecnológicos, para que a gente possa produzir uma inteligência artificial do bem e não uma inteligência artificial do mal", alegou.
A agenda do presidente francês no Brasil segue até amanhã (28), quando há a expectativa da assinatura de um número histórico de acordos de cooperação entre as duas nações. Nesta tarde, Lula e Macron ainda participam de evento empresarial em São Paulo.

Submarino nuclear brasileiro, ambição que surgiu em 2008

Já o presidente Emmanuel Macron, durante discurso de quase dez minutos, comentou a parceria estratégica com a França viabilizada há 16 anos.
Ele se referiu ao projeto do submarino nuclear brasileiro, que está previsto no Prosub. Este, por sua vez, já entregou dois dos quatro modelos de propulsão convencional baseados no modelo francês Scorpène. Outra embarcação mais recente, o Humaitá, entrou em operação em janeiro.

"A determinação de um homem que soube marcar o rumo de uma ambição que em 2008 podia parecer desmedida, mas a França acreditou, a França aderiu e a França entrou nessa aventura ao lado de vocês [Brasil] com todas as suas competências, a capacidade de sua indústria, de seus industriais, de sua marinha, e junto com a Marinha brasileira, com a indústria brasileira, nós conseguimos construir. Hoje posso dizer que vocês tinham razão de acreditar e nós tivemos razão de apoiar vocês."

Macron ainda classificou como "titanesca" todas as obras e intervenções realizadas pelo Brasil para viabilizar o desenvolvimento dos submarinos, como o complexo em Itaguaí, o mais moderno do país.
"Esta obra titanesca mobilizou todas as forças vivas. Engenheiros e operários trabalharam para chegar a este êxito, e essa parceria representa para a França uma transferência inigualada de tecnologias. Jamais compartilhamos tanto o nosso know-how com o Brasil e temos orgulho de tê-lo feito", disse.
Lula e Macron na cerimônia de inauguração do submarino S42 (Tonelero)

Macron diz que França é 'potência amazônica'

Por conta da Guiana Francesa, região ultramarina da França em plena América do Sul, o presidente Emmanuel Macron disse que o destino das duas nações também é unido pela geografia. "A França é o único país europeu a ser também uma potência amazônica, temos 730 quilômetros comuns, são aéreas vizinhas e somos obrigados a compartilhar esses desafios."
"Nós vamos lutar contra os tráficos ilegais na terra, no mar, porque são um desafio para a natureza; os nossos valores, o nosso futuro, a Amazônia, onde estávamos ontem, as nossas zonas econômicas exclusivas, onde nós deveríamos proteger os nossos pescadores, vocês devem proteger as suas extrações de petróleo e de gás", argumentou.
Por fim, o presidente francês declarou que entre "os grandes teatros de conflito deste novo século", o mar certamente será palco de muitos deles. "Nós rejeitamos o mundo que seja prisioneiro da conflitualidade entre duas grandes potências. Nós temos a independência das grandes diplomacias, das grandes forças armadas. Nós queremos defender nossa independência e nossa soberania e, junto com isso, defendemos o respeito pelo direito internacional em todo o mundo. Nós acreditamos na dignidade humana porque ela é constitutiva das nossas ordens políticas e constitucionais”, garantiu durante seu discurso.
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Submarino nuclear brasileiro

Submarino essencial para colocar a Marinha brasileira entre um seleto grupo, o equipamento de propulsão nuclear é alvo de pesquisas no Brasil desde o fim da década de 1970. Por conta da possibilidade de ficar submerso por meses no oceano e também proporcionar velocidades maiores, é considerado ideal para a defesa do extenso território marítimo do Brasil. A expectativa é que o primeiro modelo, também desenvolvido em parceria com a França, esteja em funcionamento em 2033.
O comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, ressaltou a importância do acordo para finalmente viabilizar o projeto, que já enfrentou diversas resistências externas.

"Em constante evolução, o pilar fundamental foi concebido com uma robusta estrutura industrial composta por equipamentos e mão de obra altamente especializada, imprescindível para auferir a integração e manutenção de diversificados meios navais, bem como atender o rigoroso processo de licenciamento que garante a segurança e o prosseguimento do programa nuclear da Marinha."

"Iniciado em 1979, […] foi desenvolvido em virtude da premente necessidade estratégica de dotar submarinos com propulsão nuclear. Delimitados os objetivos, o projeto desdobrou-se em duas vertentes fundamentais, o consagrado domínio do ciclo do combustível nuclear e o desenvolvimento autóctone de uma planta nuclear de produção naval", finalizou.
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