Panorama internacional

Trump pode obrigar Japão a defender os EUA e se aproximar da Coreia do Norte, diz John Bolton

O ex-conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Bolton, disse que Tóquio deve estar de prontidão para lidar com quaisquer mudanças que Donald Trump possa exigir no tratado de segurança entre ambos os países se for reeleito.
Sputnik
Bolton destacou que neste momento Trump está focado em falar sobre a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), mas que a presumível volta do republicano à Casa Branca também teria implicações para o Japão, uma vez que "falta apreço" de Trump "pelas alianças que os americanos fazem".

"Penso que muito do que se pode prever sobre um segundo mandato de Trump ficou evidente no seu primeiro mandato […]. Agora a maior parte da atenção está centrada na OTAN, e se ele se retiraria da OTAN, o que penso que faria […], mas prepare-se para que Trump diga: 'Quero que o tratado seja alterado para que o Japão também seja obrigado a defender os Estados Unidos'", afirmou Bolton em entrevista ao jornal Nikkei Asia.

O Artigo 5 do tratado de segurança das duas nações obriga Washington a defender Tóquio no caso de um ataque ao território japonês, porém o Japão não é obrigado a ajudar os EUA em um conflito armado em território estadunidense ou outro território além das suas próprias fronteiras.
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Esse ponto torna a aliança EUA-Japão diferente da OTAN, onde o princípio da defesa coletiva significa que um ataque a um membro é considerado um ataque contra todos, relembra a mídia.

"Trump mostrou alguma indicação, no final do meu tempo lá [enquanto conselheiro], […] sobre o Japão e a Coreia do Sul não carregarem a sua parte justa do fardo" para manter bases dos EUA em seus territórios, "mas Trump viu isso simplesmente como um negócio imobiliário, ele não viu isso no contexto da aliança geral", afirmou o ex-conselheiro, acrescentando que seria um "erro catastrófico" para Washington sair da OTAN.

Bolton também sinalizou que um apoio norte-americano mais enfraquecido poderia levar Tóquio e Seul a terem uma maior preocupação e fazê-los se indagarem sobre ter suas próprias armas nucleares.

"Isso levaria, no Japão, na Coreia do Sul e em outros lugares, à questão: 'Devemos ter as nossas próprias armas nucleares? Se não estivermos sob o guarda-chuva nuclear dos EUA, talvez precisemos das nossas' […]."

Bolton também afirmou que não sabe como Trump responderia a uma eventual invasão chinesa de Taiwan, e que o próprio ex-presidente "pode não ter certeza".
"Esse é o tipo de fraqueza que se você mostrar à China, eles tirarão vantagem disso. Então estou muito, muito preocupado com o que pode acontecer lá."
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Ainda sobre a Ásia, o ex-conselheiro de Segurança Nacional classificou as reuniões de Trump com o líder norte-coreano, Kim Jong-un, como um "erro" e disse ter uma previsão: "Kim Jong-un será uma das primeiras pessoas a ligarem para Trump se ele for reeleito".
"Trump irá para Pyongyang desta vez se não tomarmos cuidado. Então é por isso que o Japão e a Coreia do Sul deveriam realmente trabalhar juntos nisso, para tentar explicar a Trump por que ele precisa ser cuidadoso, diante de uma Coreia do Norte que é muito mais ameaçadora hoje do que era há quatro anos", concluiu.
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