Panorama internacional

'Porta-mísseis em missão suicida': Ucrânia poderia usar aviões ocidentais F-16 como kamikaze

O presidente russo Vladimir Putin disse que os caças F-16 "não mudarão a situação no campo de batalha" na Ucrânia e advertiu que serão destruídos tal como outros equipamentos militares ocidentais.
Sputnik
Sputnik conversou com um dos principais especialistas russos em aviação militar sobre as ferramentas que Moscou tem para combater essas aeronaves.
Ao assinalar a capacidade dos F-16 para portar armas nucleares, Putin advertiu que a Rússia "deve levar isso em conta ao planejar" operações de combate.
A Ucrânia espera receber em julho a primeira meia dúzia de seus 45 ou mais aviões F-16 prometidos, com as entregas atrasadas por excessos no tempo de treinamento dos pilotos e dificuldades em encontrar bases adequadas para eles.
Destaca-se que o referido caça multiuso de quarta geração pode ser adequado para bombardear países em desenvolvimento sem força aérea, mas é completamente inapropriado para atacar um rival semelhante dos Estados Unidos e da NATO.
Nikolai Bodrikhin, um dos principais especialistas em aviação militar da Rússia, concorda com a avaliação de Putin sobre o destino que os aviões F-16 poderiam esperar se chegassem à Ucrânia.

"Concordo que é pouco provável que eles mudem alguma coisa, já que o avião é bastante velho", disse Bodrikhin à Sputnik. "Conhecemos bem o avião. Conhecemos os sistemas de guerra eletrônica que ele usa. Temos uma série de armas contra ele, tanto ar-ar como terra-ar."

As primeiras incluem desde os mísseis ar-ar de curto alcance R-73 e R-77 (alcance de 40 a 160 km) até os R-27 de alcance médio (alcance operacional de até 170 km), os de longo alcance R-33 (cujas últimas variantes podem voar até 304 km) e o míssil hipersônico de alcance ultralongo além do alcance visual R-37 (alcance operacional 150-400 km, velocidade máxima Mach 6).
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As defesas terrestres russas incluem muitas opções, desde o sistema portátil de mísseis terra-ar guiados por infravermelhos 9K333 Verba (alcance máximo de 4,5 km) até o míssil supersônico de dois estágios guiado por laser Sosna-R 9M337 (alcance máximo de 10 km), o sistema de artilharia antiaérea móvel Pantsir, o sistema móvel de mísseis Kub 2K12 (alcance de até 25 km) e os sistemas de mísseis S-200, S-300, S-350, S-400 e S-500, cada um dos quais pode lançar seus mísseis a distâncias de 200 a 600 km do alvo, mais que o alcance de qualquer arma disponível no F-16.
"Nossos caças têm mísseis com um alcance que provavelmente não é menor que o dos mísseis ar-ar do F-16, e há sistemas terrestres, inclusive os velhos sistemas S-200, que podem alcançá-los com bastante facilidade, especialmente quando se trata dos mais modernos S-300, S-S400 e outros, como os diferentes sistemas Buk", disse Bodrikhin.
"Em outras palavras, temos muitos sistemas de defesa antiaérea capazes de destruir um número significativo desses aviões, inclusive se atacarem simultaneamente", garantiu o especialista.

Aviões kamikaze?

Por conseguinte, a única ameaça prática que o avião americano pode representar para a Rússia é ser um porta-mísseis em uma missão suicida.
"Não espero que estes aviões desempenhem nenhum papel importante, mas podem transportar e acelerar mísseis ar-terra como um kamikaze: acelerar o míssil e ser derrubado, mas o míssil será difícil de interceptar. Este é o único aspecto em que se pode manifestar um perigo", afirmou Bodrikhin.
Para combater esta ameaça, as forças russas terão que seguir os aviões F-16 desde o momento da decolagem, e quando alcançarem uma altura adequada (convencionalmente, acima dos 3.000 metros) deverão ser atacados e destruídos, segundo o especialista em aviação militar.
"Em outras palavras, os aviões russos podem detectar os F-16 e derrubá-los antes que os pilotos ucranianos percebam. É exatamente o que está acontecendo com a atual frota de caças Su-27 e MiG-29 da Ucrânia, e as capacidades melhoradas do F-16 não são suficientes para virar essa disparidade em favor da Ucrânia", diz o comentário.
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