Mais de 53 mil pessoas fugiram da capital do Haiti em apenas três semanas de março, enquanto o conflito entre poderosas gangues armadas leva medo e destruição aos civis.
O chefe dos Direitos Humanos da ONU, Volker Turk, disse que a escala das violações dos direitos humanos era "sem precedentes na história moderna do Haiti", incluindo "assassinatos, sequestros e violência sexual".
O conflito também impediu o acesso de bens essenciais e de ajuda humanitária à capital. Aliado a isso, o Estado está em grande parte ausente e perdido, ainda procurando um caminho para sair do caos, escreve a Reuters.
Ainda de acordo com a ONU, muitos dos deslocados estão viajando em direção ao sul, rumando para a península do país, que ainda se recupera de um devastador terremoto em 2021. Quase sete em cada dez que deixaram a capital em março já tinham sido deslocados pela violência dos grupos criminosos, afirmou Turk.
Alianças de gangues poderosas estão tentando assumir partes da capital que ainda não controlam e declararam guerra ao governo de facto, cujo primeiro-ministro, Ariel Henry, havia anunciado a sua demissão em 11 de março, enquanto estava preso nos Estados Unidos.
Esperava-se inicialmente que o premiê fosse substituído poucos dias após o anúncio, por um conselho presidencial de transição formado por representantes de partidos políticos e grupos da sociedade civil apresentados por líderes regionais na Jamaica.
Mas três semanas depois, a instalação do conselho ainda não ocorreu, em meio a lutas internas entre facções, ameaças e demissões.