Nesta terça-feira (9), o Ministério do Comércio turco disse que a decisão será aplicada à exportação de produtos de 54 categorias diferentes, incluindo ferro, mármore, aço, cimento, alumínio, tijolo, fertilizantes, equipamentos e produtos de construção, combustível de aviação e muito mais.
Desde o começo do conflito, Ancara pede cessar-fogo e condenou Israel fortemente em diversos momentos por sua campanha no enclave, mas não definiu qualquer tipo de bloqueio econômico.
No entanto, uma recente rejeição de Tel Aviv a um pedido turco para participar de lançamentos aéreos de ajuda na Faixa de Gaza levou o governo do presidente Erdogan a aplicar as restrições, de acordo com a Reuters.
"Esta decisão permanecerá em vigor até que Israel, sob as suas obrigações emanadas do direito internacional, declare urgentemente um cessar-fogo em Gaza e permita o fluxo desimpedido de ajuda humanitária suficiente para a Faixa de Gaza", afirmou o ministério, citado pela mídia.
Em resposta, o ministro das Relações Exteriores de Israel disse que a Turquia havia "violado unilateralmente" os acordos comerciais com Israel.
O chanceler Israel Katz disse que o presidente turco Recep Tayyip Erdogan "está novamente sacrificando os interesses econômicos do povo da Turquia para apoiar o Hamas, e responderemos na mesma moeda".
Pouco depois do início da guerra Israel-Hamas, Turquia e Israel retiraram os seus embaixadores enquanto trocavam farpas regularmente. A medida de terça-feira (9) é a primeira significativa tomada por Ancara contra Tel Aviv desde o início do conflito.
Nas últimas semanas, Erdogan tem enfrentado críticas crescentes sobre a continuação dos laços comerciais do seu governo com Israel, provocando alguns protestos antigovernamentais e prejudicando o apoio popular. No sábado (6), a polícia de Istambul deteve dezenas de manifestantes que exigiam o fim do comércio com Israel, relata a Reuters.
Alemanha cita 'Holocausto' ao se defender em Haia
Também nesta terça-feira (9), a Alemanha negou que esteja ajudando o genocídio em Gaza ao vender armas a Israel em uma ação judicial levada a cabo pela Nicarágua na Corte Internacional de Justiça (CIJ).
A consultora jurídica do Ministério das Relações Exteriores alemão, Tania von Uslar-Gleichen, disse aos juízes em Haia que a Nicarágua foi apressada, com base em provas frágeis e deveria ser rejeitada por falta de jurisdição.
Berlim tem sido um dos aliados mais leais de Israel desde os ataques de 7 de outubro do Hamas e a ofensiva retaliatória. O Estado alemão é um dos seus maiores fornecedores de armas, enviando € 326,5 milhões (R$ 1,7 bilhão) em equipamento militar e armas em 2023, segundo dados do Ministério da Economia.
Von Uslar-Gleichen também disse que a segurança de Israel era uma prioridade para a Alemanha por causa da história da dizimação dos judeus pelos nazistas no Holocausto, afirma a mídia.
Na segunda-feira (8), os advogados da Nicarágua pediram à CIJ que ordenasse à Alemanha que suspendesse as vendas de armas a Israel e retomasse o financiamento da agência da ONU para os refugiados palestinianos, a UNRWA.
O movimento da Nicarágua se alinha com o da África do Sul, refletindo a crescente ação mundial legal em apoio aos palestinos.
Desde o começo do conflito, mais de 33 mil palestinos foram mortos, incluindo 13.800 crianças, segundo disse o Ministério da Saúde de Gaza na segunda-feira (8). Do lado israelense, foram cerca de 1.350 mortos e 250 sequestrados.