Nesta semana, membros do Congresso dos Estados Unidos anunciaram planos para introduzir novas sanções contra o Irã, com o objetivo de punir o país por sua retaliação a Israel pelo ataque ao consulado iraniano na Síria.
A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, anunciou que seu departamento "não hesitará em trabalhar com os nossos aliados para usar a autoridade de sanções" contra o Irã, enquanto o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, declarou que os EUA antecipam que os seus "aliados e parceiros" vão seguir o exemplo e impor suas próprias sanções contra o Teerã.
A administração Biden, no entanto, parece decidida a evitar uma escalada na região do golfo Pérsico, conforme disse à Sputnik o analista financeiro e geopolítico Tom Luongo.
"Ninguém deseja o cenário que viria se Israel e o Irã entrassem de fato em guerra. Os EUA são mais do que capazes de fazer o Irã pagar pelo fechamento do estreito de Ormuz, mas isso é algo com o qual o Pentágono não quer ter de lidar", disse Luongo.
Tendo observado que "os preços do petróleo estão em escalada, eles parecem presumir que o conflito cessará por aqui", diz Luongo, acrescentando que isso pode ser um "erro perigoso" devido à posição precária em que a liderança de Israel se encontra atualmente.
"O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, não tem outro caminho político a não ser continuar com sua postura agressiva. Caso contrário, sua carreira, no mínimo, estará encerrada", explicou Luongo.
Segundo Luongo, embora Biden esteja tentando pressionar Israel a recuar, ele também tem de enfrentar o lobby israelense no Congresso dos EUA, que deseja uma guerra com o Irã e "pode colocar Biden em apuros caso seja aprovado no Congresso americano um novo pacote de sanções contra o Irã".
"Então, para se manter no poder, Biden deve aplicar o máximo de pressão possível para vencer as eleições, enquanto Netanyahu consegue a guerra com o Irã que desejou a vida toda", afirma Luongo.
Luongo também destacou que a China tem um investimento maciço no Irã, pois o país é o ponto terminal de sua Iniciativa Cinturão e Rota.
"Eles [China] apoiarão financeiramente o Irã, se necessário, mas serão os russos que darão ao Irã o apoio militar e diplomático de que o país necessita para atravessar a situação, desde que os iranianos não pareçam o lado agressor em qualquer fase do conflito", conclui Luongo.
No dia 13, o Irã lançou um ataque massivo contra Israel em retaliação ao ataque perpetrado por Tel Aviv no dia 1º de abril contra o Consulado do Irã em Damasco, na Síria, que matou sete membros da elite do Corpo de Guardas da Revolução Islâmica (IRGC, na sigla em inglês).
EUA, Reino Unido, França e Jordânia atuaram em defesa de Israel, abatendo drones que se dirigiam ao espaço aéreo israelense. Biden, no entanto, vem pressionando Israel a não buscar uma guerra mais ampla na região.