Operação militar especial russa

OTAN pressiona Grécia e Espanha para doar à Ucrânia sistemas de defesa aérea restantes da Europa

A Rússia intensificou seus ataques aéreos na Ucrânia em março, após uma campanha coordenada pelo Exército ucraniano que visa a infraestrutura russa usando guerra de drones.
Sputnik
A ofensiva criou uma grande brecha na defesa aérea de Kiev e seus patrocinadores da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) agora esperam ressarcir o equipamento.
Autoridades da União Europeia (UE) e da OTAN lançaram uma campanha de pressão visando o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, e o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, para doarem seus sistemas avançados de defesa aérea para a Ucrânia.

"Todos sabemos quem os tem, todos sabemos onde estão e todos sabemos quem realmente precisa deles", disse uma pessoa informada sobre a campanha a um veículo de mídia empresarial sediado em Londres, em artigo publicado na segunda-feira (22).

A campanha reflete apelos cada vez mais altos do presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, pedindo que os aliados ocidentais doem suas defesas aéreas para Kiev em meio a ataques da Rússia.
"Patriotas só podem ser chamados de sistemas de defesa aérea se funcionarem e salvarem vidas em vez de permanecerem imóveis em algum lugar em bases de armazenamento", escreveu Zelensky em suas redes sociais.
A Alemanha concordou em doar um Patriot adicional para Kiev, mas outros países — entre eles Grécia e Espanha — hesitaram, compartilhando mais de uma dúzia de Patriots e um punhado de lançadores S-300 entre eles. Esses últimos foram comprados pela Grécia na década de 1990.
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Anteriormente, os gregos descartaram repassar seus S-300 para a Ucrânia, citando a necessidade de manter suas forças equilibradas com as capacidades da Turquia, que possui S-400s feitos na Rússia.
Mitsotakis e Sánchez foram supostamente solicitados a ceder seus sistemas de defesa aérea para Kiev em uma cúpula em Bruxelas na semana passada, e a pressão era esperada para "intensificar", em uma reunião na segunda-feira dos ministros das Relações Exteriores e da Defesa da UE, segundo autoridades.

"Há países que não têm necessidade imediata de seus sistemas de defesa aérea, para ser muito honesto. Cada país está sendo solicitado a decidir o que pode poupar", disse um diplomata da UE envolvido nas negociações de segunda-feira. "A discussão mais importante será identificar o que os Estados-membros podem fazer para apoiar a defesa aérea da Ucrânia. Isso é o mais importante", completou.

O chefe de Assuntos Exteriores da UE, Josep Borrell, confirmou aos repórteres na segunda-feira que Bruxelas tem "solicitado a todos os Estados-membros que façam o que puderem para aumentar a capacidade de defesa aérea da Ucrânia".
A OTAN também iniciou sua própria pressão, exigindo que os membros cedam seus sistemas de defesa aérea com o chefe da aliança, Jens Stoltenberg, anunciando na sexta-feira (19), em reunião de ministros da Defesa, à qual Zelensky compareceu, que os aliados concordaram em fornecer suporte adicional de defesa aérea.

"A OTAN mapeou as capacidades existentes em toda a aliança e há sistemas que podem ser disponibilizados para a Ucrânia", disse Stoltenberg, explicando que "esse mapeamento confirma que existem sistemas, incluindo sistemas Patriot, disponíveis para serem fornecidos para a Ucrânia."

Semanas de ataques russos visando posições militares ucranianas, fábricas de defesa, depósitos de munições e infraestrutura de geração de eletricidade deixaram a rede de defesa aérea da Ucrânia em frangalhos, com o sistema nacional de defesa aérea se desintegrando e as forças reduzidas a operar em nível local.

"Seu campo de radar [unificado] foi completamente perdido, e o sistema de controle automatizado foi perdido. Suas defesas aéreas atuam localmente: o que veem, abatem. Ou seja, não há liderança centralizada lá, como temos com um posto de comando central", disse o ex-vice-comandante do Sistema Integrado de Defesa Aérea da Comunidade de Estados Independentes, Aytech Bizhev, à Sputnik na semana passada.

O Ministério da Defesa da Rússia diz ter destruído mais de 508 peças de equipamento de defesa aérea ucraniano desde fevereiro de 2022, incluindo 63 sistemas destruídos desde o início do ano atual.
Junto com Patriots e S-300s, Moscou tem como alvo uma série de outros sistemas, desde artilharia antiaérea móvel rastreada Flakpanzer Gepard até sistemas de defesa aérea de alcance estendido SAMP-T, SAMs de curto alcance IRIS-T, sistemas de defesa aérea de curto a médio alcance NASAMS, radares AN/MPQ-64F1 Sentinel e outros equipamentos.
A campanha de pressão da OTAN e da UE pedindo aos membros que joguem ainda mais equipamentos caros de defesa aérea na crise ucraniana contrasta nitidamente com a alegação de autoridades do bloco de que a Rússia pode estar se preparando para atacar países europeus e com os avisos de autoridades militares na Alemanha, Itália, Dinamarca, Bélgica e outros países de que o esgotamento de estoques de armas e munições deixou os aliados com suprimentos suficientes para durar apenas alguns dias em caso de conflito em grande escala.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, reiterou nesta segunda-feira (22) que o risco de um confronto direto entre Rússia e Ocidente existe, mas disse que isso é resultado do patrocínio contínuo da OTAN à guerra por procuração contra a Rússia na Ucrânia.
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