Em um discurso nesta quinta-feira (25) na Universidade Sorbonne, em Paris, o líder francês expôs a sua visão para a Europa, dizendo que o continente pode precisar produzir o seu próprio escudo antimíssil, mísseis de superfície de longo alcance e outros itens para se defender suficientemente do atual contexto geopolítico.
"A Europa não será uma prioridade geopolítica nos próximos anos, nas próximas décadas, por mais forte que seja a nossa aliança", disse Macron referindo-se aos EUA. "A Europa deve defender o que é importante para si, com aliados ou sozinha", acrescentou o líder, citado pela Bloomberg.
O novo cenário geopolítico forçou o continente europeu a repensar a sua posição no mundo, especialmente no que diz respeito à sua segurança. As declarações do mandatário francês acontecem seis semanas antes das eleições para o Parlamento Europeu.
"A Europa é mortal. Ele pode morrer e depende inteiramente de nossas escolhas", afirmou.
Ao relatar as declarações de Macron, a mídia escreve que a Rússia observa seus sucessos no campo de batalha e a ajuda norte-americana à Ucrânia tornou-se menos garantida em meio a disputas políticas.
Ao mesmo tempo, o Oriente Médio voltou a ser volátil e a expansão das forças armadas da China chama a atenção de Washington.
"Para a escala continental, este despertar ainda é demasiado lento, demasiado fraco diante da ampla aceleração do rearmamento do mundo. Temos agora potências regionais desinibidas que também estão desenvolvendo as suas capacidades – a Rússia e o Irã, para citar apenas dois. A Europa está cercada", acrescentou Macron.
Desde o começo da operação russa na Ucrânia, a Europa tem vindo a instituir medidas para proteger as suas linhas de abastecimento, encontrar outros parceiros energéticos e encontrar fontes fiáveis para materiais críticos. Macron tem defendido que a autonomia europeia é necessária para a sua sobrevivência.
"A era em que a Europa comprava a sua energia e fertilizantes à Rússia, tinha a produção na China e confiava a sua segurança aos EUA acabou. As regras do jogo mudaram", complementou o presidente da França.