De acordo com os advogados, a Apple compra minerais contrabandeados do país, que vão a Ruanda para ser lavados e "integrados na cadeia de abastecimento global".
"A Apple vendeu tecnologia feita com minerais provenientes de uma região cuja população está sendo devastada por graves violações dos direitos humanos", escreveram os advogados da RDC, reportou a agencia de notícias.
Em setembro de 2023, o presidente do Congo, Félix Tshisekedi, se reuniu com o escritório de advocacia internacional Amsterdam & Partners LLP para investigar a cadeia de suprimentos de estanho, tungstênio e tântalo — conhecidos como minerais 3T (estanho é "tin" em inglês) — devido a preocupações com as exportações ilegais.
No seu último relatório, a Apple, empresa fabricante do iPhone, garantiu que até 31 de dezembro de 2023 nenhuma das suas fundições e refinarias parceiras tinha ligações com grupos armados na República Democrática do Congo.
A companhia garantiu, por meio de nota, que "com base em nossos esforços de devida diligência […], não encontramos nenhuma base razoável" para concluir qualquer vínculo ilegal.
Rica em minerais, a região dos Grandes Lagos Africanos, que compreende a RDC, é palco de extrema violência desde a década de 1990, com conflitos e guerras regionais. Em 2021, rebeldes do Movimento 23 de Março (M23) retomaram áreas para deter o controle do comércio ilícito de estanho e ouro, bem como de coltan e tântalo, amplamente utilizados em telefones celulares e computadores.
A República Democrática do Congo, as Nações Unidas e os países ocidentais acusam Ruanda de apoiar grupos rebeldes, incluindo o M23, em uma tentativa de controlar os vastos recursos minerais da região, uma alegação que Kigali nega.