Embora nem os Estados Unidos, nem Israel sejam signatários do TPI, a maioria dos aliados dos EUA assinaram o Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional.
Ouvida pelo pelo Jerusalem Post, uma fonte diplomática israelense afirmou que a liderança do país está preocupada com o silêncio de Biden sobre as acusações feitas no TPI. "Onde está Biden? Por que ele está quieto enquanto Israel será potencialmente jogado debaixo do ônibus?", disse o oficial.
Os comentários seguem notícias publicadas nos meios de comunicação israelenses esta semana, que citam fontes importantes do TPI de que Haia só consideraria emitir mandados de prisão contra os líderes de Israel a partir do consentimento informal da Casa Branca.
O portal Jewish News Syndicate destacou a tendência do procurador-chefe do TPI, Karim Ahmad Khan, de receber direcionamentos dos Estados Unidos, uma vez que recebeu apoio da Casa Branca para se tornar o líder do tribunal em 2021.
O jornal apontou também a sua controversa decisão de encerrar dois julgamentos do TPI que "pertubavam muito os americanos" relacionados a suspeitas de crimes de guerra dos EUA no Afeganistão.
"As fontes em Haia disseram que é impossível que o procurador-chefe tivesse decidido dar um passo tão dramático, em uma guerra que ainda está em curso se não tivesse pelo menos recebido uma 'luz verde' dos americanos. Se isto for verdade, este é outro ponto baixo nas relações entre Israel e os EUA, em um momento muito delicado, na véspera da entrada terrestre em Rafah", escreveu o jornalista israelita Amit Segal.
Separadamente, no domingo, o site de notícias israelense Walla informou que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, realizou inúmeros esforços focados em ligações para a Casa Branca, para evitar a emissão de mandados de prisão do TPI.
Netanyahu alertou na sexta-feira que Israel "nunca deixaria de se defender" e que, embora "as decisões do tribunal de Haia não afetem as ações de Israel, seriam um precedente perigoso que ameaçaria os soldados e funcionários de qualquer democracia que lutasse contra o terrorismo criminoso e a agressão."
Altos funcionários do gabinete israelense realizaram várias reuniões de emergência para discutir os possíveis mandados de prisão, que, segundo relatos, poderiam atingir Netanyahu, o ministro da Defesa Yoav Gallant e o chefe do Estado-Maior das FDI, Herzi Halevi.
As acusações envolveriam a forma que Israel tem levado o conflito, que resultou na mutilação e matança de mais de 5% da população da Faixa de Gaza antes da guerra.
Ainda não está claro quando ou em que circunstâncias os mandados de prisão poderiam ser emitidos. No entanto, o Ministro da Justiça turco, Yilmaz Tunc, apelou ao procurador do TPI para agilizar as deliberações no sábado.
"As autoridades israelitas que cometeram crimes de guerra, agressões, assassinaram crianças e cometeram genocídio, incluindo Netanyahu, devem ser levadas perante o Tribunal", disse Tunc numa conferência interparlamentar.
O possível papel da Turquia em quaisquer deliberações não é claro. A própria Ancara não é um Estado parte do Tribunal, nem signatária do Estatuto de Roma, e enfrentou recentemente problemas jurídicos próprios com o tribunal altamente politizado.