A vulnerabilidade dos tanques Abrams M1A1, cujo preço chega a US$ 10 milhões (R$ 51,7 milhões) cada, finalmente encontrou o seu lugar no conflito na Ucrânia: escondidos na retaguarda, fora do campo de visão de drones de US$ 500 dólares (R$ 2,58 mil), que até agora abateram sete deles, incluindo um tanque de desminagem.
Tal fato foi confirmado por responsáveis militares dos Estados Unidos à agência Associated Press (AP), a qual detalhou que "o campo de batalha mudou substancialmente".
Os tanques foram transferidos para fora das linhas de frente, onde especialistas norte-americanos trabalharão com os ucranianos para redefinir as táticas, segundo duas autoridades citadas pela mídia.
De acordo com o diretor do Instituto Espanhol de Geopolítica, Juan Aguilar, "há uma coisa que a AP não tem muito conhecimento do assunto, é [quando diz] que o campo de batalha mudou. Vejamos, sim, os campos de batalha mudam: surgem novos sistemas de armas e isso logicamente obriga a adaptar-se. Mas os russos estão usando tanques, e os ucranianos também: tanques soviéticos", explicou.
"O que aconteceu aqui é que os tanques ocidentais muito caros e 'muito preciosos', e estamos nos referindo aos Leopard alemães, aos Challenger britânicos e aos Abrams norte-americanos. [Eles] foram lançados para a linha de frente, para a batalha, sem seguir a doutrina, não a doutrina do novo campo de batalha, [mas] a das unidades blindadas que tem sido clássica praticamente desde a Segunda Guerra Mundial", analisou Aguilar.
Em sua visão, "não é possível lançar unidades blindadas sem ter uma doutrina de operações que seja uma ofensiva em camadas".
"Ou seja, você tem os tanques no solo, mas precisa ter helicópteros de ataque e a aviação na próxima camada. Além disso, é necessário ter artilharia de proteção, unidades de defesa aérea e um sistema de guerra eletrônica usando drones."
No entanto, "nada disso foi enviado", diz o analista, e por consequência "o resultado é que tanques muito caros, como o Leopard, Challenger e o Abrams, foram destruídos no campo de batalha com absoluta facilidade", explicou.
Nesta terça-feira (30), o Ministério da Defesa da Rússia anunciou que seis mísseis tático-operacionais ATACMS e duas bombas guiadas Hammer de fabricação francesa, foram abatidos pelas forças russas, conforme noticiado.
"Os Abrams deram resultados ainda piores do que os Leopard alemães: assim que colocaram o nariz na linha de frente, começaram a ser destruídos. Os Challanger, assim que os destruíram, tiraram-nos do caminho. Os Abrams lançaram um esquadrão, suponho que uns dez, seguindo os padrões da OTAN. Já [foram] destruídos sete deles, e [do] Leopard ainda restam 50% dos que foram enviados […]. É um desastre completo", disse o especialista.
Aguilar sublinha que "se a isso somarmos o descrédito que estes sistemas de armas têm devido à sua baixa rentabilidade na linha da frente, logicamente os verdadeiros proprietários destes tanques, que são os países da OTAN, decidem retirá-los, e retiram-nos".
Em uma entrevista ao canal do jornal Die Welt na segunda-feira (29), o jornalista Christoph Wanner disse que as Forças Armadas ucranianas estão se recusando a usar tanques Abrams fabricados nos EUA devido às expectativas superestimadas.
Wanner, assim como Aguilar, observou que o uso dos tanques é dificultado pelos drones com visão em primeira pessoa e kamikaze operados pelas Forças Armadas russas. Portanto, as expectativas ucranianas e norte-americanas enfrentaram uma dura realidade: drones russos baratos podem facilmente transformar caros tanques ocidentais em sucata.