"Seria um erro fatal acreditar que as perspectivas da Ucrânia melhorarão quanto mais a guerra continuar. Pelo contrário: as consequências catastróficas deste erro só podem ser evitadas se for possível impedir uma derrota militar através de uma cessação antecipada das hostilidades e [início] das negociações de paz entre os dois países beligerantes", disse Kujat em entrevista à revista alemã Overton Magazin.
"A situação militar tornou-se muito crítica para a Ucrânia após o fracasso da ofensiva no ano passado, e está se tornando mais difícil a cada dia que passa. As Forças Armadas ucranianas perderam a capacidade de realizar operações ofensivas e, por conselho dos americanos, estão tentando reduzir suas altas perdas em pessoal por meio de defesa estratégica e mantendo o território que ainda controlam", explicou o general.
Ao mesmo tempo, o general alemão observou que Kiev está agora em uma posição "extremamente vulnerável" em áreas cruciais para uma defesa estratégica bem-sucedida – falta de defesas aéreas suficientes, de munição para artilharia e sofrendo um "grande déficit de soldados treinados", com essas deficiências "reforçando umas às outras em seus efeitos negativos".
"Por mais amargo que seja admitir, apesar do amplo apoio financeiro e material que recebeu dos Estados Unidos e da Europa, a Ucrânia não conseguiu transformar a situação estratégica em seu favor. Pelo contrário, no ano passado, 12 brigadas ucranianas foram treinadas por países da OTAN e equipadas com armamento moderno para romper as defesas russas em uma grande ofensiva que começou com altas expectativas. A ofensiva falhou com grandes perdas", lembrou Kujat.
A crise ucraniana poderia ter sido totalmente evitada se os EUA e a OTAN estivessem dispostos a "negociar seriamente" os projetos de tratados de segurança russos propostos por Moscou no final de 2021, lembrou o general, acrescentando que outra oportunidade para acabar com o conflito – através de negociações em Belarus e na Turquia, em março de 2022 – foi jogada por água abaixo pelo Ocidente.