Panorama internacional

Ameaças de Macron e Cameron de inundar a Ucrânia com 'homens e armas' são sinais de fraqueza?

O presidente francês, Emmanuel Macron, e o secretário de Relações Exteriores britânico, David Cameron, fizeram declarações nesta semana prometendo novos tipos de assistência militar à Ucrânia. No entanto, especialistas veem sinais de fraqueza nos comentários dos dois líderes, já que nem Paris nem Londres podem "fazer diferença".
Sputnik
O ministro de Relações Exteriores, David Cameron, disse durante sua visita a Kiev que a Ucrânia "tem absolutamente o direito" de atacar o território russo usando as armas fornecidas pelo Reino Unido. "É decisão dos ucranianos como usar essas armas", disse Cameron.
As declarações de Cameron foram ainda mais agressivas do que seus aliados norte-americanos, que desaconselharam os ucranianos de fazerem ataques ao "território russo", com exceção da Crimeia.
"Não discutimos quaisquer restrições que colocamos nessas coisas. Assim como a Rússia está atacando dentro da Ucrânia, você pode entender por que a Ucrânia sente a necessidade de garantir que tenha a capacidade de contra-atacar", disse Cameron, segundo agências de notícias.
Enquanto isso, o presidente francês, Emmanuel Macron, repetiu a ideia expressa ainda no final de fevereiro de enviar tropas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) para a Ucrânia. No entanto, em entrevista à revista The Economist, Macron mencionou duas condições para a participação da França: caso a linha de frente do regime de Vladimir Zelensky desmorone e se a aliança for oficialmente convidada pelo país.
Paolo Raffone, diretor da CIPI Foundation, com sede em Bruxelas, lembrou à Sputnik que os líderes europeus estão mais agressivos verbalmente, à medida que seu papel secundário no conflito ucraniano — em comparação com os Estados Unidos, Rússia e o Sul Global — torna-se cada vez mais óbvio.

"Nem o Reino Unido, nem a França ou a Alemanha podem fazer diferença na Ucrânia […]. Os europeus seguem o caminho dos EUA, e os EUA definem o tom: apenas mantenham a Ucrânia sobrevivendo até as eleições [estadunidenses]", disse o especialista.

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'Londres deve se preparar'

Em resposta à declaração de Cameron sobre o envio de mísseis de longo alcance para a Ucrânia, a representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, disse que "Londres deve se preparar" para um dia sofrer ataques de seu cliente — o regime nacionalista ucraniano. Zakharova deu como exemplo o que ocorreu com Washington no passado, que durante o infame ataque terrorista em 2001 foi vítima dos mesmos islamitas que os EUA criaram e armaram no Afeganistão nos anos 1980.
Em resposta à ideia de Macron de enviar tropas da OTAN a convite de Kiev, Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, chamou as declarações do francês de "perigosas". "Levantar a mera possibilidade de envolvimento da França [na crise ucraniana] é perigoso", disse Peskov.
O porta-voz lembrou que a Rússia não está sozinha em avaliar que o envio das tropas da aliança ao país é um "caminho para o inferno", levando a uma guerra direta.
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Giuseppe Conte, ex-primeiro-ministro da Itália e líder do movimento de oposição Movimento 5 Estrelas, disse que Macron comete "um grande erro" e se pronunciou contra o envio de mais armas para o regime de Zelensky em uma entrevista ao canal de televisão LA7, dizendo que tal política apenas adia as tão esperadas negociações entre Moscou e Kiev.
O primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, também reagiu de forma crítica à ideia de Macron de enviar uma força coletiva da OTAN. "Qualquer um pode nos pedir qualquer coisa, mas posso dizer que nenhum soldado eslovaco cruzará a fronteira com a Ucrânia", disse Fico, segundo a agência de notícias eslovaca TASR.
Já Macron enfatizou que ele "não excluía" a medida, porque "a Rússia também não exclui nada". No entanto, em recente entrevista em março, Vladimir Putin chamou a participação de tropas da OTAN no conflito ucraniano de "uma linha vermelha" para a Rússia.
Já Paolo Raffone viu nessa situação a fraqueza tanto do Reino Unido quanto da França, que não podem tomar decisões a respeito de como a OTAN irá proceder na Ucrânia. "Portanto, qualquer acordo de paz só pode ser negociado diretamente entre os EUA e a Rússia. Mas, nesse período eleitoral [dos EUA], isso não é possível", finalizou.
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