Diretor da Fundação CIPI em Bruxelas, Paolo Raffone observou que os comentários de Putin sinalizam a intenção da Rússia de "usar meios políticos e diplomáticos para defender os seus interesses legítimos", permanecendo "aberta às negociações e ao diálogo".
No seu discurso de posse, Putin "afirma com razão que depois de 2000, com o apoio do povo russo, 'se manteve firme contra os ataques do terrorismo internacional e salvou o país da ameaça muito real de colapso'", observou Raffone.
Ele destacou duas declarações fundamentais do presidente russo. Em primeiro lugar, que "o principal objetivo dos próximos [seis] anos é agora transformar o potencial que construímos em uma nova energia de desenvolvimento e utilizá-lo para trazer uma qualidade de vida fundamentalmente nova ao nosso povo e um verdadeiro e tangível aumento de sua prosperidade".
A segunda foi que "o sucesso e a prosperidade da Rússia não podem e não devem depender apenas de uma única pessoa ou de um partido político, ou de uma força política".
Quanto aos apelos conduzidos pelos EUA nas capitais ocidentais e na grande imprensa para deslegitimar o processo eleitoral presidencial russo, "é a continuação do confronto histórico das potências anglo-saxônicas contra a Rússia", disse Raffone.
"Apesar do boicote imposto pelos EUA/Reino Unido, não existe uma frente ocidental unida contra a Rússia [...]. A reação das potências anglo-saxônicas contra a Rússia é uma representação fraca da relativização da sua posição global, um processo com o qual as suas elites políticas têm dificuldade em lidar. Apesar da sua retórica belicosa, existe um sentimento crescente de que a relação com a Rússia não pode ser facilitada sem novas iniciativas diplomáticas", concluiu Raffone.