O Ministério das Relações Exteriores da China disse nos últimos dias que as discussões sobre um "novo modelo" no tratamento de missões de reabastecimento para o Second Thomas Shoal — um recife submerso nas ilhas Spratly ocupado pelas Filipinas — foram realizadas este ano com o Comando Ocidental dos militares filipinos.
Ao mesmo tempo, o acordo teria sido aprovado por funcionários, incluindo o secretário de Defesa filipino, Gilberto Teodoro Junior, e o conselheiro de Segurança Nacional, Eduardo Año.
Segundo uma transcrição fornecida por autoridades chinesas à Bloomberg, no suposto telefonema de 3 de janeiro, o vice-almirante Alberto Carlos, chefe do Comando Ocidental das Forças Armadas filipinas, concorda com o "novo modelo".
Na suposta transcrição, Alberto Carlos concorda em notificar os chineses com dois dias de antecedência sobre quaisquer missões de reabastecimento e transportar apenas alimentos, água e bens humanitários para Sierra Madre — um navio encalhado da Segunda Guerra Mundial que está inflamando as tensões entre os dois países há meses.
A transcrição da suposta ligação citava Carlos dizendo que Teodoro Junior, Año e o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, general Romeo Brawner Junior, haviam aprovado a notificação.
O nome de um funcionário filipino — listado antes dos outros — foi retirado da transcrição. As autoridades chinesas se recusaram a identificar essa pessoa. No entanto, informaram que a transcrição cobria dois minutos de áudio sobre o que disseram ser uma ligação de 12 minutos.
Contudo, a mídia sublinha que tanto o secretário de Defesa quanto o conselheiro filipino negaram as declarações de Pequim no fim de semana. Questionado nesta terça-feira (7) sobre a questão, Teodoro Junior disse não saber nada sobre o caso.
"Ninguém, exceto o presidente [Ferdinand Marcos Junior], por meio do Ministério das Relações Exteriores, está autorizado a celebrar qualquer acordo sobre qualquer questão internacional. Não sei de onde vêm [os acordos] chineses", disse o secretário por telefone à Bloomberg.
A transcrição poderá ser divulgada ao público dentro de alguns dias, disseram as autoridades, que pediram para não serem identificadas porque não estavam autorizadas a falar oficialmente.
As declarações chinesas marcaram as últimas em uma guerra de narrativas entre a China, por um lado, e as Filipinas e os Estados Unidos, por outro, sobre partes disputadas do mar do Sul da China.
As tensões aumentaram nos últimos meses, com navios chineses usando canhões de água para atacar repetidamente navios filipinos e os exercícios entre tropas de Manila e Washington em ilhas próximas a Taiwan.