No bombardeamento da Iugoslávia pela OTAN, mísseis norte-americanos mataram três jornalistas chineses em um ataque que a Casa Branca mais tarde classificou como "um erro" e atribuiu a culpa a "mapas defeituosos".
"Há 25 anos, a OTAN bombardeou flagrantemente a embaixada chinesa na Iugoslávia, matando três jornalistas chineses. Isso nunca devemos esquecer [...]. O povo chinês valoriza a paz, mas nunca permitirá que uma tragédia histórica se repita. A amizade entre a China e a Sérvia, que está encharcada no sangue compartilhado das duas nações, tornou-se a memória comum das duas nações e encorajará ambos os lados a darem grandes passos em frente juntos [...]", disse Xi Jinping em um artigo publicado nesta terça-feira (7) no Politika, o jornal diário mais antigo da Sérvia.
O bombardeamento provocou protestos anti-Estados Unidos generalizados em toda a China e cimentou a desconfiança de Pequim em grupos liderados pelos EUA, como a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
A China tem mantido laços estreitos com a Sérvia, desde que se aliou à antiga Iugoslávia contra a campanha aérea da OTAN na década de 1990, e a visita antecipada de Xi – como parte da sua viagem europeia – será a sua segunda ao local, escreve o jornal South China Morning Post.
Os laços entre a China e a Sérvia, que não é membro da União Europeia, fortaleceram-se sob Xi, mesmo quando a relação mais ampla de Pequim com a Europa se desgasta devido a disputas comerciais.
Para o professor de relações internacionais e diretor do Instituto da China da Universidade Bucknell na Pensilvânia, Zhiqun Zhu, a publicação do presidente para marcar o atentado também serviu como um lembrete à OTAN sobre essa "dívida histórica com a China".
"E é um aviso sutil de que uma OTAN culpada não deve envolver-se nos assuntos chineses, nem deve expandir-se para a Ásia", analisou o professor, entrevistado pela mídia.
A chegada do presidente chinês ao país nesta terça-feira, exatamente um quarto de século após o atentado, faz parte de uma viagem de três etapas que inclui paradas na França e na Hungria.
Em Paris, Xi disse ao seu homólogo francês Emmanuel Macron ontem (6) que se opõe ao fato de que o conflito na Ucrânia está "sendo usado para atribuir responsabilidade a um terceiro país, manchar a sua imagem e incitar uma nova Guerra Fria".