Na quarta-feira (9), Biden reconheceu que bombas norte-americanas foram usadas para matar civis palestinos. Em declarações à CNN, o presidente disse que os EUA ainda garantiriam a segurança de Israel, mas que reteriam mais armas, como projéteis de artilharia, se a ação em Rafah acontecer.
"Civis foram mortos em Gaza como consequência dessas bombas e de outras formas como atacam os centros populacionais. Deixei claro que se eles forem para Rafah – eles ainda não foram para Rafah – se eles forem para Rafah, não fornecerei as armas que têm sido usadas historicamente para lidar com Rafah [...]", afirmou o presidente.
Em uma reação inicial do governo israelense, o ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, escreveu no X (antigo Twitter) que "Israel continuará a lutar contra o Hamas até a sua destruição. Não há guerra mais justa do que esta", postou Katz sem fazer referência direta às observações de Biden.
O premiê Benjamin Netanyahu compartilhou nesta quinta-feira (9) imagens de um discurso seu no início desta semana, no qual ele disse que "Israel permanecerá sozinho contra o Hamas se necessário".
"Hoje, enfrentamos novamente inimigos empenhados em nossa destruição. Eu digo aos líderes do mundo: nenhuma pressão, nenhuma decisão de qualquer fórum internacional impedirá Israel de se defender", diz o primeiro-ministro no vídeo.
O ministro da Economia, Bezalel Smotrich, afirmou, sem rodeios, que a oposição norte-americana apenas revigoraria o esforço de Israel para eliminar o Hamas: "Devemos continuar esta guerra até a vitória, apesar, e até certo ponto precisamente por causa, da oposição da administração Biden e da suspensão dos envios de armas [...]", disse o ministro, citado pelo jornal The Times of Israel.
O ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, tweetou simplesmente: "O Hamas [ama] Biden".
Em Nova York, o embaixador de Israel na Organização das Nações Unidas (ONU), Gilad Erdan, classificou as observações de Biden como "difíceis e muito decepcionantes" e expressou preocupação de que fossem interpretadas "pelos inimigos", como o Irã, o Hamas e o Hezbollah, como "algo que lhes dá esperança de sucesso".
O ministro do Patrimônio, Amichay Eliyahu, acusou Biden de seguir o caminho do ex-primeiro-ministro britânico Neville Chamberlain, que tentou apaziguar Adolf Hitler em 1938.
"Joe Biden pode ser [Winston] Churchill, mas ele está escolhendo ser Chamberlain, ele escolhe a desonra e receberá tanto a desonra quanto a guerra", tweetou o ministro.
Segundo o jornal israelense, cresceu na Casa Branca a preocupação de que Tel Aviv não planeja dar ouvidos aos avisos dos EUA contra uma grande ofensiva que Washington considera que não levaria em conta os mais de um milhão de palestinos abrigados na cidade mais ao sul da Faixa de Gaza.
Até o momento, o governo de Benjamin Netanyahu ainda não apresentou um plano tão completo a Washington, o que contribuiu para a mudança na abordagem de Biden na quarta-feira (8), de acordo com uma autoridade dos EUA, citada pelo jornal.