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Chuvas no RS: setor agropecuário acumula perdas que já ultrapassam R$ 1 bilhão

Estado enfrenta fortes chuvas desde o fim de abril, com cidades cujos índices pluviométricos apontam acúmulos previstos para cinco meses. Quase 90% dos municípios gaúchos foram afetados, e o número de mortes chegou a 126 nesta sexta-feira (10).
Sputnik
Levantamento parcial divulgado pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) revela que a agropecuária do Rio Grande do Sul já registra prejuízos de mais de R$ 1,1 bilhão por conta das fortes chuvas. Só de arroz, quase 114 mil toneladas foram perdidas nas enchentes em 22,9 mil hectares de área encoberta pela água na Região Central. O estado responde por cerca de 70% da produção nacional.
"A Confederação Nacional de Municípios (CNM), que acompanha diariamente a situação, reforça que os dados são parciais, uma vez que as gestões locais enfrentam dificuldades de inserir as informações nos sistemas", informou a entidade.
Em todo o estado, são 437 municípios afetados, estando 397 em situação de calamidade pública reconhecida pelo governo federal.

Mais de R$ 8 bilhões em prejuízos

De acordo com a CNM, até o momento foram contabilizados pelo menos R$ 8 bilhões em prejuízos por conta dos temporais. A maior parte ocorreu no setor habitacional, com perdas de R$ 4,4 bilhões por conta das mais de 92 mil moradias afetadas. Na sequência aparecem os órgãos públicos, com R$ 2 bilhões em prejuízos por conta dos danos em estradas, escolas, prefeituras, praças e hospitais, por exemplo. Só para a reconstrução das vias, deve ser necessário mais de R$ 1,5 bilhão.

"O total de R$ 8 bilhões em prejuízos foi informado pelos municípios, mas são parciais e estão sendo alterados pelos gestores locais à medida que o nível da água continue a baixar", pontua a entidade.

No setor privado, os prejuízos dos temporais chegam a R$ 1,5 bilhão, a maior parte justamente no setor agropecuário. Na sequência aparecem indústria (R$ 166,3 milhões), comércios locais (R$ 122 milhões) e demais serviços (R$ 28,1 milhões).

Qual a inflação dos alimentos?

Um dos principais itens que costumam puxar a inflação brasileira, calculada através do Índice de Preços ao Consumidor (INPC), o preço dos alimentos deve ser pressionado por conta das enchentes no sul do Brasil. É o que alertou nesta semana a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
Exemplos são os derivados do leite, que já acumularam altas consecutivas nos últimos quatro meses do ano e uma queda na produção de 3,35%, e o arroz, produtos que devem ser mais afetados pela situação no Rio Grande do Sul. Além disso, há expectativa de impacto nos valores das frutas e hortaliças, como uva, pêssego e maçã.
"O Rio Grande do Sul é o maior produtor de arroz do país. Embora pouco mais de 80% da safra tenha sido colhida, ainda não dá para saber se os estoques foram atingidos ou quanto da parcela restante foi perdida. Há incertezas ainda sobre a logística do produto pelas restrições das rodovias. O mesmo acontece com a criação de gado para a produção de leite, que deve ser impactada com a perda de vacas e pasto, além da ingestão, por esses animais, de água sem qualidade, em razão das condições atuais do local", pontua nota da entidade enviada à Sputnik Brasil.
Já as entidades representativas do setor orizícola do Rio Grande do Sul emitiram nota à sociedade brasileira para tranquilizar quanto ao abastecimento de arroz nesta sexta e garantiram que não há risco iminente de desabastecimento do produto no mercado consumidor.
Segundo dados oficiais, 84% da área cultivada foi colhida antes do início das chuvas, o que representa uma redução de cerca de 1,24% em relação à safra anterior, com projeção de aproximadamente 7.150 toneladas para a safra de 2023–2024.
Apesar das perdas de produtores afetados pelas enchentes, as entidades asseguram que qualquer diminuição na disponibilidade de arroz será compensada pelo incremento da importação, anunciado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ou pela perda de competitividade do produto brasileiro no mercado externo.
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