Os dois principais candidatos à presidência dos Estados Unidos, Joe Biden e Donald Trump, já fazem, em pré-campanha, discursos que sugerem que o país norte-americano caminha para a desglobalização e para o protecionismo comercial, conforme analisa o Financial Times.
Na terça-feira (14), o presidente Biden impôs tarifas sobre uma série de produtos chineses, incluindo 100% sobre veículos elétricos. O ex-presidente Donald Trump, por sua vez, criticou que o democrata tenha demorado tanto a impô-las e prometeu que, caso chegue à Casa Branca, imporá tarifas de 200% sobre os automóveis chineses, mais 10% sobre todas as importações de qualquer país.
O jornal britânico sustenta que, se a guerra comercial contra a China beneficiar Biden nas eleições e ele conseguir vencer, será vista com bons olhos em retrospectiva, embora possa atrasar a transição dos Estados Unidos para a energia verde e aumentar os impostos sobre as classes médias.
Segundo a análise, ambos os virtuais candidatos estariam conduzindo os Estados Unidos para uma situação em que se afastariam parcialmente do livre comércio, elevando assim "a ponte levadiça global".
"Em qualquer caso, a direção que os Estados Unidos estão tomando é ameaçadora. A uma velocidade ou a outra, tanto os republicanos como os democratas são agora a favor da construção da ponte levadiça global", sustenta a mídia.
Embora esta "atitude protecionista" possa beneficiar Biden nas urnas, também poderá afetar a economia das classes médias, que são quem efetivamente pagam as tarifas quando consomem os produtos a que foram aplicadas, indica o jornal.
Mas, além disso, conforme acrescenta o veículo britânico, estas ações seriam um golpe para a política de alterações climáticas do governo, uma vez que aumentarão o preço nacional dos veículos elétricos, dos painéis solares e de outros insumos ecológicos que evita comprar da China, o que poderá ocasionar o atraso da transição energética no país.
"Biden desacelerou a transição dos Estados Unidos para a energia verde e aproximou o país de uma competição de soma zero com a China. A única justificativa convincente é que isso poderia ajudá-lo nas urnas", conclui a mídia.